Topo

"Fritzl sueco", médico é acusado de prender e abusar de mulher em bunker por dias

Máscaras usadas para raptar a vítima - Reprodução/Polícia da Suécia
Máscaras usadas para raptar a vítima Imagem: Reprodução/Polícia da Suécia

Do UOL, em São Paulo

25/01/2016 16h28

Um tribunal de Estocolmo, na Suécia, começou a julgar nesta segunda-feira (25) um médico acusado de sequestrar e abusar sexualmente de uma jovem mantida em cativeiro durante seis dias. Ela foi aprisionada um bunker que levou anos para ser construído na cidade de Kristianstad, no sul do país.

O acusado, de 38 anos, foi apelidado pela imprensa internacional como o “Fritzl sueco”, em referência ao austríaco Josef Fritzl, que manteve sua filha Elizabeth presa no porão de casa por quase 25 anos, abusando sexualmente dela ao longo do período, com quem teve sete filhos.

O médico, que não teve sua identidade identificada, é acusado de mantê-la em um bunker de alta segurança, revestido com concreto, e de tê-la estuprado repetidamente por seis dias.

Eles se encontraram pela primeira vez em Estocolmo em setembro, quando ele fingiu ser um cidadão americano. Dois dias depois, se viram novamente. Ele foi até a casa dela com champanhe, morangos e presentes, lhe administrou um sonífero e a estuprou, relata a acusação.

Em seguida, o médico a transportou desacordada em uma cadeira de rodas. Ambos usavam máscaras de borracha –de um homem barbudo e de uma idosa—para ocultar suas identidades. Ele dirigiu 350 quilômetros até sua propriedade, onde o bunker tinha sido preparado.

"Não imaginava o que iria acontecer, se ele iria me torturar, matar ou violentar", disse a vítima durante depoimento. Segundo ela, o médico disse que a manteria em cativeiro durante anos.

O acusado foi sozinho até Estocolmo de carro para pegar objetos pessoais da vítima, mas descobriu que a polícia havia mudado a fechadura da porta, logo depois de o desaparecimento dela ter sido comunicado às autoridades.

Então, o médico levou a mulher até a cidade e ambos se apresentaram a uma delegacia para obter as chaves da residência e mostrar que a mulher não estaria desaparecida. Após as suspeitas de um agente, que pediu para conversar com a mulher sem a presença do médico, o rapto foi descoberto e o médico foi preso.

suécia - AFP PHOTO / TT News Agency / Swedish Police - AFP PHOTO / TT News Agency / Swedish Police
Local em que a vítima era mantida
Imagem: AFP PHOTO / TT News Agency / Swedish Police
O acusado admite tê-la drogado e a mantido refém em um bunker, mas nega os abusos sexuais e diz que sofre de um transtorno mental. “Meu cliente nega ter tido a intenção de fazer mal, apenas fez o necessário para sequestrá-la, não queria obrigá-la a nada. Ele é uma pessoa muito deprimida e estava desesperado para ter uma companheira”, disse a advogada do médico, Mari Schaub, no início do julgamento.

A imprensa sueca afirmou que a polícia encontrou documentos comprovando que o acusado planejava mantê-la presa por pelo menos dez anos. Ele teria até formulado uma espécie de "contrato", oferecendo recompensas por atividades sexuais particulares, e que ameaçava estender o seu rapto se ela tentasse fugir. A polícia investiga ainda se ele pretendia raptar mais mulheres.

A vítima demanda uma indenização de US$ 44 mil (cerca de R$ 180 mil), mas o acusado propõe pagar um pouco mais de um terço deste valor.  (Com agências internacionais)