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Polícia italiana mata suspeito de ataque em Berlim

Do UOL*, em São Paulo

23/12/2016 08h10Atualizada em 23/12/2016 14h19

O suspeito de ter executado o atentado contra uma feira de Natal na segunda-feira (19) em Berlim, na Alemanha, foi morto na madrugada desta sexta-feira (23) nos arredores de Milão, na Itália. No ataque de segunda com um caminhão na capital alemã, reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico, 12 pessoas morreram e pelo menos 48 ficaram feridas.

Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, foi encontrado em um posto de controle da polícia em uma estação ferroviária da cidade de Sesto San Giovanni, próxima de Milão. Amri foi parado, por volta das 3h --horário local-- por dois policiais. Ele estava andando sozinho e teria se recusado a mostrar seus documentos. Ao ser abordado, segundo a polícia, o jovem puxou uma arma e feriu um dos policiais no ombro direito. O colega do agente, então, disparou contra o suspeito, matando-o. 

As autoridades italianas divulgaram as identidades dos policiais: o policial ferido é Christian Movio, 36, e seu colega, Luca Scatà, 29. Movio foi internado em um hospital de Monza e submetido a cirurgia. Ele passa bem.

O Estado Islâmico reconheceu em nota a morte de Anis Amri, que chamou de "executor dos ataques em Berlim", de acordo com publicação da agência de notícias Amaq, ligada ao grupo. "O executor dos ataques em Berlim realizou um outro ataque contra a polícia italiana em Milão e foi morto em um tiroteio", afirma o comunicado divulgado pela agência.

Em entrevista coletiva mais cedo, o ministro italiano do Interior, Marco Minniti, afirmou que não havia "sombra de dúvida" de que o suspeito morto se tratava do tunisiano Anis Amri e elogiou os policiais que faziam a ronda de rotina: "Eles foram muito corajosos". E complementou: "Agradeço aqueles que estão na estrada neste momento, a polícia, as forças armadas porque não é fácil confrontar com uma ameaça de terrorismo e garantir um nível adequado de segurança. Mas nós garantimos. Sucesso a todos". 

Em pronunciamento, o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, disse que logo pela manhã informou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, sobre as operações policiais. Para ele, o caso mostra como é importante um "acréscimo do controle do território" nacional, além do aprofundamento da "colaboração em nível internacional".

Gentiloni sublinhou que "a atenção continua máxima” e que a resposta rápida dos agentes italianos prova aos cidadãos que a "Itália está presente". "Pela operação desta noite quero agradecer a polícia, os 'carabinieri' [policiais], as forças armadas, as inteligências, ou seja, os homens e mulheres do nosso aparato de segurança empenhados nestas horas e dos quais a Itália é agradecida. Uma gratidão especial vai ao jovem agente Christian Movio, que ficou ferido, e ao seu colega, Luca Scatà, policiais que mostraram coragem e capacidade profissional notáveis", afirmou.

Gentiloni se dirigiu também aos italianos, que se preparam para a celebração do Natal, dizendo que o governo está trabalhando em várias frentes para garantir a segurança. Por fim, se dirigiu especialmente aos familiares de Fabrizia Di Lorenzo, italiana morta no atentado de Berlim, oferecendo seu "abraço".

Angela Merkel também se pronunciou nesta sexta e disse que o perigo imediato havia sido descartado, após a morte do suposto autor do ataque em Berlim. "Podemos nos sentir aliviados", declarou, na capital alemã. Mas ressalvou: "O perigo terrorista em seu conjunto continua presente, como desde há vários anos". 

Agradecendo a intervenção da polícia da Itália, a chanceler situou o terrorismo como um problema para os países em geral: “O terrorismo é um desafio para todos nós”.

A investigação sobre o caso de Anis Amri ficará a cargo da Promotoria de Monza, conduzida pela promotora Luisa Zanetti. Contará também com o apoio da Agência Antiterrorismo de Milão.

A polícia italiana assumiu nesta sexta que não sabia com quem estava lidando. "Foi por acaso que o descobrimos durante um controle de rotina, parece absurdo, mas é verdade", disse o chefe da polícia Antonio de Iesu sobre Anis Amri. "Não tinha documentos, era um fantasma. Só carregava a arma com a qual atirou. Não tinha celular, levava uma pequena faca e algumas centenas de euros."

De acordo com Iesu, o tunisiano "estava tranquilo" quando os policiais o abordaram. "Pediram que esvaziasse a mochila que carregava. Então, com um gesto repentino, sacou uma pistola calibre 22 já carregada, pronta para uso, e atirou [ferindo um dos policiais", resumiu. O chefe da patrulha então reagiu, disse Iesu, ferindo-o na lateral, o que causou a sua morte após 10 minutos.

Local da morte do tunisiano em Milão - Daniele Bennati/AP - Daniele Bennati/AP
Polícia interdita acesso ao local onde o tunisiano Anis Amri foi morto em Milão, na Itália
Imagem: Daniele Bennati/AP

Com o tunisiano Anis Amri, foi encontrado um bilhete de trem, que pode ajudar a reconstruir os movimentos dele. Segundo a Divisão de Investigações Gerais e Operações Especiais da Itália (Digos), coordenada pelo chefe das operações antiterrorismo de Milão, Alberto Nobili, o tunisiano chegou à Itália pela França na quinta-feira (22).

O terrorista teria chegado ao país por Chambery, na região francesa de Savoia, e de lá foi para Turim, no Piemonte, de onde pegou um trem para Milão, chegando à Estação Central. Amri, depois, se dirigiu a Sesto San Giovanni, onde acabou sendo morto.
 
Amri foi identificado por sua impressão digital.

A polícia italiana tinha informações de que o suspeito poderia estar na região de Milão. Amri morou durante vários anos na Itália, onde também cumpriu pena de prisão.

Vídeo mostra tunisiano em mesquita de Berlim após ataque

UOL Notícias

Gravação

O tunisiano foi filmado em frente a uma mesquita no distrito de Moabit,em Berlim, oito horas após o atentado de segunda-feira, informou a emissora pública alemã "RBB". O local foi alvo de uma operação policial na quinta-feira (22), dois dias depois de a polícia encontrar os documentos do tunisiano na cabine do caminhão que invadiu o mercado de Natal. De acordo com a "RBB", o suspeito também foi visto, em imagens de segurança, saindo da mesquita em 14 e 15 de dezembro. 

(Com Reuters, AFP e Ansa)