Rússia renova permissão de residência de Snowden
A Rússia prorrogou por mais dois anos a permissão de residência ao ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) dos Estados Unidos, Edward Snowden, escreveu no Facebook a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, nesta quarta-feira (18).
"O mais divertido é que o ex-subdiretor da CIA não sabe que Snowden acaba de ter sua permissão de residência na Rússia prorrogada por mais dois anos", disse a diplomata na rede social.
Zakharova se referia a um artigo de Michael Morell, ex-subdiretor da CIA, no qual este afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, poderia dar um "presente de posse perfeito" a Donald Trump: a extradição de Edward Snowden.
"O que este homem da CIA propõe é a ideologia da traição", disse a porta-voz de Relações Exteriores.
Segundo o advogado Anatoli Kucherena, o ex-analista da NSA encontrou trabalho na Rússia no setor da tecnologia da informação, mas, por motivos de segurança, seu paradeiro é mantido em sigilo.
Snowden denunciou em 2013 detalhes de programas de espionagem de amplo alcance nacional e internacional do governo americano e se refugiou na Rússia para evitar ser processado nos Estados Unidos.
Snowden tinha até agora um visto de residência de três anos, que obteve após desfrutar de um direito de asilo de um ano na Rússia.
Em um primeiro momento, havia passado mais de um mês, segundo a versão oficial, na zona de trânsito do aeroporto Cheremetievo de Moscou.
O ex-consultor da NSA fugiu à Rússia depois de vazar à imprensa dezenas de milhares de documentos que demonstravam a extensa vigilância eletrônica exercida pela inteligência americana no mundo.
As revelações provocaram fortes tensões entre os Estados Unidos e seus aliados. A decisão das autoridades russas de acolher Snowden provocou a ira de Washington.
A prorrogação de seu visto de residência foi concedida um dia após o presidente americano, Barack Obama, reduzir a pena da soldado transgênero Chelsea Manning, condenada a 35 anos de prisão por ter transmitido documentos confidenciais ao WikiLeaks.
Manning, que se chamava Bradley antes de afirmar que se sentia mulher, convertendo-se em símbolo da luta transgênero nos Estados Unidos, será liberada no dia 17 de maio.
Esta decisão foi aplaudida pelo próprio Snowden, que também é acusado nos Estados Unidos de roubo de documentos pertencentes ao Estado e espionagem, que pode valer a ele uma condenação de até 30 anos de prisão.
"Em cinco meses será livre. Obrigado por tudo o que fez pelo mundo, Chelsea", disse Snowden no Twitter. "Obrigado, Obama", acrescentou.
O presidente em fim de mandato descartou, no entanto, indultar Snowden, afirmou o porta-voz do executivo americano, Josh Earnest, ressaltando que o ex-consultor "fugiu aos braços de um adversário e encontrou refúgio em um país que, muito recentemente, tentou enfraquecer nossa democracia de forma deliberada", em referência à Rússia.
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