Reino Unido oficializa Brexit; premiê diz que país será 'mais forte e mais justo'
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou nesta quarta-feira (29), no Parlamento, a saída oficial do país da União Europeia, ao mesmo tempo em que o embaixador britânico em Bruxelas, Tim Barrow, entregou à UE a carta que comunica o Brexit.
"Em acordo com os desejos das pessoas, o Reino Unido está deixando a União Europeia. Esse é um momento histórico do qual não há retorno. Vamos fazer nossas próprias leis e tomar nossas decisões", disse May diante dos parlamentares, em referência à votação popular que escolheu pela saída do bloco comercial.
"Vamos assumir o controle das coisas que nos importam mais e aproveitaremos esta oportunidade para construir um Reino Unido mais forte, mais justo, um país onde nossos filhos e netos sintam orgulho de chamar casa. Esta é nossa ambição e nossa oportunidade ", acrescentou.
May também fez referência à aspiração de independência da Escócia, cuja população votou em peso pela permanência na UE e agora quer colocar um novo referendo em votação para decidir se o país continua no Reino Unido.
"Chegou o momento de nos unirmos e de trabalharmos juntos para conseguir o melhor acordo", disse a premiê, ressaltando que negociará como um "único Reino Unido", levando em conta "os interesses de todas as regiões" (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte).
A premiê também afirmou que o Brexit faz com que o Reino Unido "olhe além das fronteiras da Europa" e fortaleça seus laços com outros aliados, para se tornar "realmente global".
May ainda disse que o país não está deixando a Europa. "O mundo precisa dos valores democráticos e liberais da Europa, dos quais compartilhamos. Seremos um parceiro comprometido e faremos o possível para que a Europa proteja seus valores e para que a União Europeia tenha sucesso."
"Não é um dia feliz", diz UE
O ato foi confirmado após Barrow entregar ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a carta que notifica a ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece o início das negociações sobre a saída de um país comunitário.
"Lamentamos que o Reino Unido vá abandonar a União Europeia, mas estamos prontos para o processo que a partir de agora devemos seguir", afirmou Tusk em um documento redigido em nome dos 27 dirigentes europeus, que se reunirão em 29 de abril, em Bruxelas, para definir as linhas de negociação da UE.
"Não há razões para fingir que este é um dia feliz, nem em Bruxelas nem em Londres", disse Tusk aos jornalistas depois de receber a notificação.
Para a UE, já abalada por crises sucessivas financeiras e de refugiados, a perda do Reino Unido é o maior golpe já sofrido em seus 60 anos de esforços para forjar uma unidade europeia na esteira de duas guerras mundiais devastadoras.
Dois anos até o fim da parceria
A partir de agora, está iniciado o prazo de dois anos para que as negociações da saída do bloco sejam finalizadas. O Reino Unido, que fazia parte da União Europeia desde 1973, é o primeiro a deixá-la.
O processo foi aprovado nas urnas em 23 de junho de 2016, quando 51,89% da população britânica (17,4 milhões de eleitores) votaram pela saída do bloco, contra 48,1% (16,1 milhões) que escolheram pela permanência.
Ao longo dos dois anos previstos de negociações, o Reino Unido continuará comprometido com as leis e normas da União Europeia, incluindo o mercado comum e a liberdade de movimento de trabalhadores. O país também é obrigado a honrar seus compromissos como Estado-membro.
O Reino Unido poderá participar do processo legislativo da UE, desde que as leis não estejam relacionadas ao Brexit, mas não poderá participar de qualquer debate interno relacionado à sua saída.
Opositora da saída terá de negociar termos
Theresa May, de 60 anos, que durante a campanha do referendo foi uma opositora do Brexit, agora tem uma das tarefas mais duras de qualquer premiê britânico recente: manter a coesão do país diante das novas demandas de independência da Escócia e ao mesmo tempo realizar conversas árduas com os 27 outros países-membros da UE a respeito de finanças, comércio, segurança e outros temas complexos.
O desfecho das negociações irá moldar o futuro da economia britânica de US$ 2,6 trilhões de dólares, a quinta maior do mundo, e determinar se Londres consegue se manter com um dos dois maiores centros financeiros globais.
Seus líderes dizem não querer punir o Reino Unido, mas, devido à ascensão de partidos nacionalistas e anti-UE por toda a Europa, não podem se dar ao luxo de oferecer termos generosos a Londres que possam incentivar outros Estados-membros a se desfiliar.
Países fundamentais para a UE como França, Itália e Holanda viram o crescimento, nos últimos anos, de partidos e políticos que defendem o rompimento de suas nações com o bloco.
(Com agências internacionais)
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