Veículo militar avança sobre manifestantes em ato contra Maduro na Venezuela
Um veículo da Guarda Nacional Bolivariana avançou sobre manifestantes em Altamira, na Venezuela. Em todo o país, mais de 180 pessoas ficaram feridas nesta quarta-feira (3), entre elas seis deputados venezuelanos, pelos atos de violência após um protesto convocado pela oposição, que voltou às ruas contra a convocação de uma Assembleia Constituinte, vista como uma manobra do presidente Nicolás Maduro para evitar eleições livres e permanecer no poder.
As imagens de Altamira mostram o veículo avançando sobre a multidão durante os confrontos entre policiais e manifestantes. Segundo a imprensa, ao menos três pessoas teriam sido atropeladas. Autoridades não confirmaram o número de feridos. Em Las Mercedes, foi registrada a morte de um jovem de 17 anos, identificado como Armando Cañizales. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
O prefeito do município de Baruta, o opositor Gerardo Blyde, indicou através de sua conta no Twitter que os centros de saúde da localidade atenderam hoje "mais de 70 pessoas", que participaram da manifestação "por asfixias e traumatismos".
O também opositor Ramón Muchacho, prefeito do município de Chacao, disse a jornalistas que houve outros 97 feridos que foram atendidos em sua jurisdição, vizinha de Baruta. Destes 97 casos, 84 apresentaram traumatismos, nove sofreram asfixia, dois deram entrada com queimaduras e outros dois foram feridos por balas de borracha, de acordo com o balanço do prefeito.
Em Caracas, jovens que comandavam o protesto atearam fogo e lançaram pedras contra as forças de segurança, que dispararam gás lacrimogêneo para interromper a mais recente manifestação contra Maduro. Os opositores iniciaram uma passeata no leste da capital venezuelana rumo à sede do Parlamento, no centro da cidade, mas foram reprimidos com bombas de gás e balas de borracha.
A MUD (Mesa da Unidade Democrática) afirmou no Twitter que os deputados opositores Julho Montoya, Gaby Arellano, Miguel Pizarro, Ivlev Silva, Williams Dávila e Freddy Guevara, primeiro vice-presidente do Parlamento, sofreram lesões durante a mobilização em Caracas.
Milhares de partidários da oposição se reuniram pacificamente por várias horas antes de serem bloqueados, provocando confrontos entre jovens mascarados e tropas da Guarda Nacional.
Pelo menos 33 pessoas morreram e centenas foram feridas e detidas desde que os distúrbios anti-Maduro começaram, no início de abril.
Nova Constituição
Capitalizando um mês de manifestações amplas e contínuas, líderes opositores prometeram mais ações nas ruas desde o anúncio de Maduro, feito na segunda-feira, de que estava criando uma Assembleia Constituinte com poderes para reescrever a constituição.
O governo diz que a violência relacionada aos protestos e a indisposição da oposição para conversar deixou Maduro sem opção além de reformular o aparato governamental do país.
"Com esta Assembleia Constituinte, a situação fica pior do que nunca", disse Miren Bilbao, de 66 anos, no meio da rodovia Francisco Fajardo com um grupo de amigos e parentes. "É uma ferramenta para evitar eleições livres. Estamos protestando há 18 anos, mas esta é nossa cartada final. É tudo ou nada."
Milhares percorreram a rodovia, que atravessa o principal vale de Caracas. Mulheres vestidas de branco acenavam com bandeiras venezuelanas e dezenas de jovens mascarados se reuniram na dianteira da marcha.
A oposição quer adiantar a eleição presidencial de 2018 em meio a uma crise econômica devastadora, e diz que o pronunciamento de Maduro é um estratagema cínico para levar os cidadãos a pensarem que ele fez concessões, quando na verdade tenta manipular o sistema para evitar eleições que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) provavelmente perderia.
A medida do presidente foi condenada pelos Estados Unidos e por alguns países latino-americanos, inclusive o Brasil, que a classificou como um "golpe".
Durante um encontro com autoridades eleitorais nesta quarta-feira, Maduro disse que a votação que irá compor a nova assembleia acontecerá nas próximas semanas. Ele já disse que 500 de seus membros serão eleitos por grupos sociais, incluindo trabalhadores, indígenas e agricultores, e também nos municípios.
"O novo processo constituinte começando hoje irá consolidar a República e trazer à nação a paz que ela merece", disse Maduro. (Com Reuters e Efe)
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