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Casa Branca não interferiu na investigação sobre complô com a Rússia, diz interino do FBI

O diretor interino do FBI, Andrew McCabe, durante audiência na comissão de inteligência do Senado, em Washington, EUA - Eric Thayer/ Reuters
O diretor interino do FBI, Andrew McCabe, durante audiência na comissão de inteligência do Senado, em Washington, EUA Imagem: Eric Thayer/ Reuters

Do UOL, em São Paulo

11/05/2017 12h48

A demissão de James Comey como diretor do FBI não interrompeu a investigação em andamento sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016 nos Estados Unidos, disse nesta quinta-feira (11) o diretor interino da instituição, Andrew McCabe, em uma comissão sobre assuntos de inteligência no Senado americano.

Ele também afirmou que não houve tentativa da Casa Branca de interferir no inquérito, que apura um suposto conluio de russos com a campanha vitoriosa de Trump. Segundo McCabe, o FBI tem recursos para seguir com o inquérito, após a imprensa americana afirmar que Comey havia pedido orçamento maior para tratar o caso.

"O trabalho do FBI continua apesar de qualquer mudanças em virtude das circunstâncias. Não houve qualquer esforço de impedir nossa investigação. Ninguém pode impedir que os homens e as mulheres do FBI façam o correto e protejam o povo americano e a Constituição", afirmou Andrew McCabe, questionado sobre se a demissão de Comey atrapalhou, de alguma maneira, a investigação. O diretor interino disse que avisaria o Senado em caso de tentativa de interferência da Casa Branca.

McCabe ainda negou que os funcionários do FBI "haviam perdido a confiança" em Comey, como foi alegado pela porta-voz do governo Trump Sarah Huckabee Sanders na quarta-feira (10). "Isso não está correto", disse o interino, acrescentando que Comey "tinha, e ainda tem, apoio amplo do FBI". "A vasta maioria dos funcionários do FBI tinham uma profunda e positiva ligação com o diretor Comey. Tenho respeito absoluto por ele, por suas habilidades consideráveis e sua integridade", acrescentou.

Demissão polêmica

Comey, 56, foi nomeado pelo ex-presidente Barack Obama para o posto do FBI em 2013 para um mandato de 10 anos. James Comey frequenta há três décadas os círculos de alto escalão de políticos e juízes, criando um escudo que muitas vezes pode enfurecer as autoridades judiciais e, inclusive, a Casa Branca.

O ex-diretor do FBI liderava o inquérito sobre supostas relações entre funcionários do Kremlin e membros da campanha de Trump. Em fevereiro, o presidente já havia acusado o FBI e a Agência de Segurança Nacional (NSA) de vazarem informações "ilegalmente" para a imprensa.   

Além disso, a polícia federal dos Estados Unidos também tinha sido criticada pelo republicano por ter inocentado a democrata Hillary Clinton no caso em que ela era investigada por usar servidores de e-mail particulares para enviar mensagens como secretária de Estado.

Hillary chegou a dizer na semana passada, antes do depoimento de Comey, que perdeu as eleições por causa do FBI, da Rússia e do Wikileaks, que vazou mensagens do presidente da equipe de campanha de Hillary, John Podesta, menos de uma hora depois de a imprensa divulgar um vídeo de 2005, no qual Trump falava de mulheres em um tom grosseiro.

Trump citou a investigação de Comey sobre os e-mails de Hillary Clinton para justificar a demissão, ainda que o presidente tenha sido amplamente visto como beneficiário do inquérito.

Em março passado, Comey ainda veio a público para negar as denúncias de Trump de que Obama teria mandado espionar a sede de seu império, a Trump Tower, em Nova York, antes das eleições.