"É como comprar remédio", diz uruguaio no 1º dia de venda de maconha em farmácias
Começou nesta quarta-feira (19) a venda de maconha para uso recreativo no Uruguai. Esta é a primeira vez que um país vende maconha produzida sob controle do Estado, um sistema inédito no mundo.
A droga está sendo vendida, até o momento, em 16 farmácias distribuídas em 11 dos 19 departamentos do país, que cumprem as exigências do Instituto de Regulação e Controle de Cannabis (IRCCA) e só pode comprar quem tiver o registro feito nos correios do Uruguai para a compra de cannabis de uso médico.
As vendas começaram por volta das 8h da manhã desta quarta-feira. Em uma farmácia no bairro de Cordón, em Montevidéu, havia uma fila de dez pessoas para comprar a droga. Falhas no sistema de reconhecimento de cadastro e na leitura da digital, não permitiram que alguns consumidores a comprassem.
Em outra farmácia no bairro Cidade Velha, também em Montevidéu, um consumidor disse que ir para a farmácia comprar a maconha é como ir para o local comprar um remédio qualquer.
"Você entra na farmácia, pede a maconha, te perguntam qual o tipo e te entregam, como um remédio qualquer", disse Gonzalo em entrevista para o jornal "El Observador".
O dono da farmácia, Sebastián Scaffo, disse que em pouco mais de uma hora foram vendidos cerca de 15 pacotes com a droga. E acrescentou que não tem muita expectativa em relação à venda da maconha, mas que cada cliente pode ser um comprador potencial para outras coisas.
"Creio que vai ser positivo e que às vezes temos que apoiar um poucos as coisas", disse Scaffo para o "El Observador".
Para se registrar nos correios a pessoa precisa ser cidadã uruguaia e deve levar no local de registro uma cédula de identidade e um comprovante de residência, além de ter que responder um formulário de dados estatísticos para o controle governamental.
Uma pesquisa realizada no dia 10 de julho mostrou que até o momento cerca de 5.000 pessoas foram cadastradas e desse total 70% são homens e 30% mulheres.
A maconha vendida nas farmácias segue as normas do IRCCA e o preço é igual em todos os locais de venda. Cada pacote de 5 gramas custa cerca de 187,04 pesos uruguaios (cerca de R$ 20,59).
Para combater o tráfico, o governo, por hora, removeu o imposto de consumo (IVA) e a droga está sendo vendida em pacotes de 5 gramas, em estado natural, sem estar moída ou prensada e existem dois tipos de pacote, sendo que a diferença está na quantidade de Cannabidol (CBD), o que altera o efeito psicoativo.
Produzida por duas empresas privadas em áreas sob vigilância oficial e sujeitas a um monitoramento da qualidade do produto, a maconha de uso recreativo é vendida ao público em recipientes branco e azul, contendo cinco gramas da droga.
Há duas variedades do produto disponíveis em embalagens seladas: "Alpha I" e "Beta I", correspondentes às variedades "Indica" e "Sativa" da planta.
Existe um limite para a compra e a produção da droga, cada usuário pode comprar até 40 gramas por mês (10 gramas por semana) e as farmácias podem obter até dois quilos de maconha por mês. Para os cultivadores existe um limite de cultivo. A lei permite o cultivo de até 4.000 quilos por ano, sendo duas toneladas por empresa. Até o momento foram cultivados 700 quilos de cannabis.
O governo não conseguiu firmar acordos com as grandes redes de distribuição, e o número de pontos de venda não cobre todo o território deste país de 3,4 milhões de habitantes.
A venda da maconha em farmácias completa as três etapas previstas na Lei de Regulamentação da Maconha, aprovada em 2013, durante o governo do então presidente José Mujica (2010-2015), para o acesso ao uso recreativo da droga, e que também estabeleceu as regras para cultivo doméstico e os clubes de maconha, habilitados desde 2014.
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