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Putin encontra Assad e ordena retirada de parte das tropas russas na Síria

15.set.2017 - Soldados russos patrulham hospital em Deir el-Zor, na Síria - AP
15.set.2017 - Soldados russos patrulham hospital em Deir el-Zor, na Síria Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

11/12/2017 08h46

O presidente russo Vladimir Putin ordenou nesta segunda-feira (11) a retirada de uma parte das tropas russas na Síria, durante uma visita surpresa à base militar russa de Hmeimim, onde foi recebido pelo presidente sírio Bashar al Assad, pelo ministro da Defesa russo Serguei Shoigu e o chefe das forças russas na Síria, Serguei Surovikin.

"Em quase dois anos, as Forças Armadas russas, em colaboração com o Exército sírio, destruíram em grande parte os terroristas internacionais mais potentes militarmente. Portanto, tomei a decisão de fazer com que volte à Rússia uma parte considerável do contingente militar presente na Síria", afirmou Putin, citado pela agência Interfax.

Putin ressaltou, no entanto, que "se os terroristas levantarem a cabeça de novo, lhes atingiremos de tal forma como nunca viram".

"Ordeno ao ministro de Defesa e ao chefe do Estado-Maior que procedam com a retirada de um grupo das tropas russas às bases de seu local permanente", disse Putin ao discursar perante os militares.

Assad, por sua vez, agradeceu Putin por sua "participação efetiva na luta contra o terrorismo na Síria". "O que os militares russos fizeram não será esquecido pelo povo sírio depois que o sangue de seus mártires [russos] se misturou com o dos mártires do Exército Árabe Sírio na luta contra os terroristas".

Assad disse que esse sangue "é mais forte que o terrorismo e seus mercenários" e previu que a memória dos "mártires" de ambos exércitos e seus sacrifícios permanecerão como "faróis para as gerações futuras".

A ascensão e queda do Estado Islâmico na Síria e no Iraque

AFP

Rússia entrou no conflito em 2015

A Rússia, aliada de Bashar al Assad no conflito, iniciou sua operação na Síria em setembro de 2015, nos primeiros bombardeios aéreos no país. A intervenção comandada por Putin resultou no fortalecimento do regime Assad, até então ameaçado pelo Estado Islâmico e por outros rebeldes como a Frente Al-Nusra (facção da Al-Qaeda na Síria).

Em março de 2016, o presidente russo já havia anunciado a retirada de uma parte das forças russas enviadas à Síria para apoiar Assad, ao constatar a melhoria da situação na guerra contra o Estado Islâmico e outros grupos que lutam contra o governo central em Damasco.

A organização terrorista sofreu constantes baixas nos últimos anos e perdeu a maioria de seus territórios. Na semana passada, o Exécito sírio retomou Deir Ez-Zor, a última grande cidade controlada pelo grupo no país, e declarou vitória sobre o Estado Islâmico. 

A visita surpresa de Putin à Síria foi informada apenas depois que ele já havia saído do país. Agora, o presidente russo está no Egito, em visita que já havia sido anunciada previamente.

Rebeldes dizem que estão negociando transição com Rússia e EUA

Estados Unidos e Rússia estão negociando diretamente com os rebeldes sobre uma hipotética transição na Síria, disse nesta segunda-feira à Agência Efe o dirigente opositor Abu Zuheir al Shami.

Apesar de as duas potências enfrentarem um inimigo em comum, o Estado Islâmico, russos e norte-americanos estiveram em lados opostos na guerra: Putin ao lado do ditador Bashar al Assad e os EUA investindo na queda do regime.

Al Shami, o líder do Exército Livre Sírio (ELS), afirmou à Efe que "as verdadeiras negociações sobre o futuro da Síria estão se desenvolvendo sobre o terreno, longe de Genebra". Shami relatou que nos últimos dias houve contatos entre representantes russos e americanos e líderes da oposição armada para preparar a conferência de Sochi, proposta por Moscou e cuja data ainda não foi definida, embora se espera que aconteça no final de dezembro.

O dirigente opositor reforçou que a oposição rejeita "categoricamente" que Assad continue no poder e que desempenhe qualquer papel no futuro da Síria. "Antes de ir a Sochi, os americanos propuseram Ali Mamluk para liderar o período transitório, mas nós o rejeitámos porque não queremos alguém que tenha as mãos manchadas de sangue ", disse Shami, em referência a uma possível liderança do diretor da Segurança Nacional da Síria (serviços secretos).

Shami destacou que, após esta negativa, "os russos buscaram a um substituto que a oposição respeite e propuseram Faruk al Chara (vice-presidente sírio) como líder da fase transitória", o que foi aceito pelos opositores.

No entanto, o dirigente do ELS apontou que as conversas agora estão congeladas porque Rússia e Irã exigem que os rebeldes entreguem as armas para iniciar uma transição encabeçada por Chara e realizar, ao final de seis meses, eleições presidenciais "nas quais Assad poderá apresentar-se como candidato"."Como vou entregar as armas para que depois Assad possa ser reeleito ao final de seis meses como candidato nas presidenciais?", questionou.  (Com agências internacionais)