Coreias definem delegados para primeira reunião em dois anos
As duas Coreias acertaram a composição das suas respectivas delegações que farão a primeira reunião de alto nível entre os dois países em mais de dois anos.
Pyongyang aceitou na sexta-feira a proposta da Coreia do Sul de realizar uma reunião no dia 9 de janeiro para tratar sobre o envio de uma delegação norte-coreana aos Jogos Olímpicos de Inverno, em PyeongChang, bem como uma melhora de relações a nível geral.
O encontro intercoreano, o primeiro do tipo desde 2015, acontecerá em Panmunjom, cidade fronteiriça onde foi assinado o cessar-fogo ao final da Guerra da Coreia (1950-1953).
A delegação norte-coreana será composta por cinco membros e liderada por Ri San-gwon, que dirige no seu país o Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia, informou o Ministério de Unificação sul-coreano.
Seul propôs no sábado enviar uma delegação liderada pelo ministro de Unificação, Cho Myoung-gyon, que constaria de outras quatro pessoas, dois vice-ministros de Unificação e dois vice-ministros de Esportes.
Uma das fronteiras mais armadas
Desde o final da Guerra da Coreia (1950-53), os dois Estados rivais estão separados por uma Zona Desmilitarizada (DMZ), uma das fronteiras mais fortemente armadas do mundo. As últimas conversas bilaterais remontam a 2015.
O presidente sul-coreano Moon Jae-In, partidário do diálogo, acolheu com satisfação as declarações de seu colega norte-coreano como uma oportunidade para reativar as conversações. No entanto, enfatizou que a melhoria das relações bilaterais deve ser acompanhada por medidas visando a uma desnuclearização.
"Proponham, por favor, rapidamente medidas para retomar as relações intercoreanas e concretizar a participação da delegação norte-coreana", afirmou a seu conselho de ministros.
Há alguns meses o presidente sul-coreano havia proposto um diálogo através da Cruz Vermelha, mas Pyongyang não fez comentários.
No começo do ano, as duas Coreias restabeleceram posteriormente sua conexão telefônica, suspensa desde 2016.
Em outra demonstração de apaziguamento, os presidentes sul-coreano, Moon Jae-In, e americano, Donald Trump, concordaram em adiar os exercícios militares conjuntos previstos para após os Jogos de Inverno.
Oportunidade revolucionária
As declarações de Kim, no entanto, são o primeiro indício de sua vontade de participar nos Jogos de Inverno, que acontecerão de 9 a 25 de fevereiro. Segundo o presidente sul-coreano, "é uma resposta positiva a nossa proposta de que os Jogos Olímpicos de Pyeongchang seja uma oportunidade revolucionária para a paz".
Mas qualquer atitude por parte da Coreia do Norte preocupa a comunidade internacional devido a seus lançamentos de mísseis e testes nucleares. A sexta e última foi realizada em setembro passado, e foi a mais potente até agora.
Kim Jong-Un pediu a seu país que aumente a produção de ogivas nucleares e mísseis na mensagem de Ano Novo em que demonstrou sua vontade de cumprir suas ambições militares.
Pyongyang intensificou em 2017 seus programas nuclear e balístico, apesar das múltiplas sanções da ONU e da retórica cada vez mais ameaçadora de Washington.
Kim Jong-Un, que assegurou ter o botão nuclear em seu gabinete, supervisionou em 2017 vários testes de mísseis intercontinentais (ICBM), afirmou que seu país era capaz de atingir o território continental dos Estados Unidos e se transformou em um Estado nuclear.
"Devemos produzir ogivas nucleares e mísseis balísticos em massa e acelerar seu lançamento", declarou Kim em seu discurso anual à nação.
O presidente americano, Donald Trump, respondeu às operações militares norte-coreanas alternando as ameaças -se comprometeu na ONU a "destruir totalmente" a Coreia do Norte em caso de ataque- com os insultos para Kim, que classificou de "pequeno homem foguete".
Para alguns especialistas, a atitude de Trump pode ter um efeito contrário ao desejado, animando o regime norte-coreano a seguir em frente com seus programas armamentistas.
A Coreia do Norte "pode enfrentar qualquer ameaça nuclear dos Estados Unidos, dispõe de uma [força de] dissuasão forte e capaz de impedir que os Estados Unidos brinque com o fogo", declarou Kim.
"O botão nuclear sempre está na minha mesa. Não é chantagem, e sim a realidade", acrescentou, reiterando assim que seu país é um Estado nuclear.
Essas novas declarações do líder norte-coreano acontecem depois de que um ex-alto-responsável militar americano avisou que seu país nunca havia estado "mais perto" de uma guerra nuclear com a Coreia do Norte.
A presidência de Trump "é incrivelmente desestabilizante e claramente imprevisível", declarou o ex-chefe do Estado-Maior Conjunto Mike Mullen à rede ABC.
"Atualmente se está mais perto do que nunca estivemos de uma guerra nuclear com a Coreia do Norte e nessa região", disse Cullen. "E não vejo as oportunidades para resolver isso de maneira diplomática", acrescentou.
Mullen foi o chefe de Estado-Maior dos presidentes George W. Bush e Barack Obama.
Muitos especialistas opinam que Washington deve dialogar com Pyongyang. Mas a Coreia do Norte quer que os Estados Unidos a reconheçam como um Estado nuclear.
(com agências internacionais)
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