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"Hollywood não pode 'branquear' resgate": Começa disputa por filme sobre meninos da Tailândia

Government Spokesman Bureau/Handout via REUTERS TV
Imagem: Government Spokesman Bureau/Handout via REUTERS TV

Do UOL, em São Paulo

12/07/2018 12h50

O resgate dramático de um time de futebol mirim de um complexo de cavernas inundado na Tailândia prendeu a atenção do mundo por mais de duas semanas, e, agora, a história se prepara para uma adaptação para Hollywood.

Duas produtoras estão, agora, interessadas em desenvolver filmes sobre o resgate dos meninos tailandeses. A Marinha da Tailândia, cuja unidade de elite liderou o resgate, e o governo tailandês escolheram a Ivanhoe Pictures para produzir um filme dirigido por John M. Chu, informou o presidente da empresa, John Penotti, em comunicado.

A Ivanhoe Pictures, que tem escritórios nos Estados Unidos e na Ásia, foca na América do Norte e no continente asiático. Chu dirigiu G.I. Joe: Retaliação (2013) e Truque de Mestre: O Segundo Ato (2016). Em agosto, estreará mais um filme dele, Podres de Ricos, comédia romântica da Warner Bros com elenco composto por atores de origem asiática.

"Me recuso a deixar Hollywood embranquecer a história do resgate tailandês", disse Chu, que nasceu na Califórnia e tem ascendência chinesa, em publicação no Twitter usando o termo "whitewashing", que na indústria audiovisual é usado para descrever a controversa prática de escalar atores brancos para interpretar personagens não brancos.

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"Há uma linda história sobre seres humanos salvando outros seres humanos. Então qualquer um pensando sobre a história precisa abordá-la correta e respeitosamente", acrescentou.

A outra companhia que está considerando desenvolver um filme sobre o resgate é a produtora Pure Flix, especializada em filmes cristãos e para famílias. 

Michael Scott, cofundador da Pure Flix, disse que produtores de sua companhia estão no local entrevistando funcionários de resgate para um potencial filme. Ele disse que sua esposa cresceu com Samarn Poonan, o ex-mergulhador de elite da Marinha tailandesa que morreu durante a operação.

"São tailandeses, ocidentais, europeus, australianos --pessoas de todo o mundo que ajudaram a levar essas crianças de volta à segurança", disse Scott à Reuters. "Acho que há um apelo internacional que acho que inspirará milhões por todo o mundo."

Contatado pelo site especializado The Hollywood Reporter, Scott disse que sua intenção não é fazer um filme cristão, mas sim "inspirador".

"A coragem e o heroísmo que presenciamos são incrivelmente inspiradores", declarou o produtor, acrescentando que se reunirá em breve com possíveis roteiristas para um filme que, segundo suas estimativas, teria um orçamento de 30 milhões a 60 milhões dólares.

Scott, no entanto, deve enfrentar alguns obstáculos para conseguir concretizar seus planos. Com sede no Arizona, a Pure Flix já teve sucesso com filmes cristãos de baixo custo e documentários conservadores, mas está longe de ser um peso pesado de Hollywood. Outras produtoras certamente vão entrar na disputa para levar a história ao cinema.

Direitos autorais

Mergulhadores resgataram os últimos quatro dos 12 meninos e seu treinador de futebol da caverna na terça-feira. A saga lembra o resgate dos 33 mineiros chilenos que ficaram presos debaixo da terra por 69 dias em 2010, uma história que foi contada no filme de 2015 "Os 33" estrelando Antonio Banderas.

Levar o drama tailandês às telas, no entanto, não será tão fácil.

Antes disso, os produtores precisarão conseguir os direitos autorais de cada uma das famílias dos meninos, do treinador, e de qualquer funcionário de resgate que quiserem retratar. Os meninos têm entre 11 e 16 anos de idade.

E reproduzir o resgate na tela poderá ser custoso.

"Os 33" foi filmado na Colômbia e no Chile e produzido por cerca de 24 milhões de dólares. Um filme sobre o resgate tailandês poderia ser feito por menos, disse Medavoy, porque filmar na Tailândia é mais barato.

Mas o resgate em águas turvas apresenta um desafio adicional.

"A água e as cenas de mergulho seriam caras", disse Judi Farkas, agente que representou o escritor Antonio Mendez na venda dos direitos autorais de seu livro "Argo" para o filme vencedor do Oscar. "Toda vez que você filma na água é caro."

Surpreendidos por chuvas monçônicas, os meninos, com idade entre 11 e 16 anos, ficaram presos na caverna durante uma excursão ao local guiada por seu técnico de futebol, de 25 anos. Eles foram encontrados após nove dias de intensas buscas, das quais participaram mais de 1.300 pessoas.

Eles foram salvos numa arriscada operação de resgate, que foi acompanhada em todo o mundo e custou a vida de um mergulhador. Oito dos 12 garotos foram resgatados nos primeiros dois dias, domingo e segunda-feira, e os quatro jovens restantes e o treinador, de 25 anos, deixaram a caverna com segurança nesta terça. (Com Reuters e DW)