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"Conte conosco", diz Bolsonaro a ministro italiano sobre Battisti

Evaristo Sa/AFP
Imagem: Evaristo Sa/AFP

Do UOL, em São Paulo

14/12/2018 09h34

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o governo da Itália pode contar com sua colaboração para a extradição de Cesare Battisti, ex-ativista italiano que teve a prisão determinada pelo ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), conforme decisão divulgada na quinta-feira (13).

"Obrigado pela consideração de sempre, Senhor Ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!", escreveu Bolsonaro no Twitter, em português e italiano, respondendo a mensagem do ministro do Interior e vice-premiê, Matteo Salvini.

Horas antes, Salvini havia festejado a decisão de Fux, que abre espaço para a extradição de Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando era membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

"Uma prisão perpétua cumprida curtindo a vida, nas praias do Brasil, diante das vítimas, me deixa irritado! Darei grande mérito ao presidente Jair Bolsonaro se ajudar a Itália a fazer justiça, 'presenteando' Battisti com um futuro na prisão da pátria", disse Salvini, nesta manhã, em um post no Twitter.

Durante a campanha, Bolsonaro havia prometido extraditar Battisti, revertendo a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que, em seu último dia de mandato, 31 de dezembro de 2010, negou a decisão de extraditar o italiano.

A decisão de Fux é desta quarta-feira (12) e veio a público na noite desta quinta (13). No documento, o ministro determinou que a decisão permanecesse sob sigilo até o "integral cumprimento da medida", "a fim de resguardar a efetividade da ordem prisional".

Fux revogou uma liminar (isto é, uma decisão provisória) concedida por ele mesmo em outubro do ano passado e que impedia a extradição do italiano. O ministro argumentou que cabe ao presidente decidir sobre a extradição, pois decisões políticas não competiriam ao Judiciário.

A defesa de Battisti diz ainda não ter tido acesso à decisão do STF.

Em comunicado à imprensa, a Procuradoria-Geral da República disse que pediu a prisão ao STF "para evitar risco de fuga". "Diante desse cenário, Raquel Dodge defende importante que se tome providências para assegurar que o ato seja cumprido, caso o STF decida que o chefe do Executivo pode reapreciar a decisão quanto à extradição de Battisti", diz o texto da PGR.