Topo

Ministro italiano festeja ordem de prisão contra Battisti e pede ajuda a Bolsonaro

13.mar.2015 - Battisti no prédio da superintendência da Polícia Federal, em São Paulo - Avener Prado/Folhapress
13.mar.2015 - Battisti no prédio da superintendência da Polícia Federal, em São Paulo Imagem: Avener Prado/Folhapress

Em Roma

14/12/2018 08h02

O vice-premiê e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, comemorou hoje (14) a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ordenar a prisão para fins de extradição de Cesare Battisti.

"Uma prisão perpétua cumprida curtindo a vida, nas praias do Brasil, diante das vítimas, me deixa irritado! Darei grande mérito ao presidente Jair Bolsonaro se ajudar a Itália a fazer justiça, 'presenteando' Battisti com um futuro na prisão da pátria", disse Salvini, nesta manhã, em um post no Twitter.

Mais cedo, o ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, também tinha comentado nas redes sociais a decisão de Fux.  "Foram escutados os nossos pedidos. O Ministério da Justiça está trabalhando há tempos para isso, mas ficaremos satisfeitos apenas quando Battisti for extraditado para a Itália", disse Bonafede, também no Twitter.

Na noite de ontem (13), Fux determinou a prisão pela Interpol de Battisti. O italiano foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando era membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

Considerado terrorista na Itália, Battisti conseguiu fugir e vive livremente no Brasil, na cidade litorânea de Cananeia, graças a um benefício concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vizinhos afirmaram nesta sexta-feira (14) que Cesare Battisti não é visto em Cananeia, onde vive no litoral de São Paulo, desde novembro. O carro do italiano está estacionado ainda em sua casa, mas o seu paradeiro é desconhecido.

"Possibilidade de entrega do reclamante a país estrangeiro pelo presidente da República, atual ou futuro", diz o documento assinado por Fux. "Prisão do reclamante por tentativa de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Possibilidade de apreciação pelo presidente da República para decidir pela extradição, deportação ou expulsão do reclamante."

Além disso, Fux decidiu que o tema não deveria ser analisado novamente pelo STF, pois já passara pelo plenário.

A extradição de Battisti tinha sido autorizada em 2009 pelo STF, mas coube a Lula, em seu último dia de mandato, 31 de dezembro de 2010, dar a palavra final. O petista, então, decidiu ajudar o ex-militante de esquerda italiano e negou a extradição.

Em seu despacho, Fux entendeu que, como o STF já tinha determinado que Battisti fosse extraditado, o asilo concedido por Lula poderia ser revisado por outros presidentes. Michel Temer e Jair Bolsonaro, que toma posse em 1º de janeiro, já disseram ser favoráveis à extradição.

Fux também ordenou a prisão alegando risco de fuga do italiano. Em outubro de 2017, Battisti foi preso pela Polícia Federal em Corumbá por tentar cruzar a fronteia com a Bolívia carregando US$ 6 mil e 1,3 mil euros.

Procurado ontem à noite pela ANSA, o advogado do italiano, Igor Tamasauskas, disse que ainda havia tido acesso à decisão do ministro. "Não tive acesso à decisão, só pela mídia, não tenho como comentar", afirmou. Hoje cedo, ele afirmou que ainda "não tinha posição". Devido ao horário, Battisti só poderia ser preso a partir do amanhecer de hoje. O italiano, porém, ainda não foi encontrado.