No mundo, ex-presidente pode ter cargo vitalício ou ter candidatura barrada

A partir desta terça-feira (1º), com a posse de Jair Bolsonaro (PSL), Michel Temer junta-se ao quadro de ex-presidentes brasileiros. Com isso, o emedebista terá direito vitalício a assessores pessoais, incluindo seguranças, e veículos oficiais.
Embora tenham custo para o Estado, as regalias aos ex-mandatários brasileiros não estão entre as mais dispendiosas do mundo. Argentina e Estados Unidos, por exemplo, oferecem salários mensais a seus ex-líderes. Já Itália e Paraguai dão a eles o cargo de senador vitalício, não remunerado.
Uruguai, em oposição, não concede nada a ex-representantes. Veja a seguir como são as realidades de ex-chefes de Estado em diferentes países.
Brasil
Aqui não se paga salário a ex-presidentes, mas eles podem voltar a se candidatar ao cargo ou a qualquer outro posto eletivo.
Fernando Collor de Mello (PTC) e José Sarney (MDB), por exemplo, são senadores. Dilma Rousseff tentou uma vaga ao Senado na última eleição, mas não foi eleita.
Além dos três políticos, recebem os benefícios os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo preso. No Brasil, ex-presidentes não têm direito a foro privilegiado. Mas Lula está em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Entre os direitos assegurados aos ex-mandatários, estão ainda o pagamento de dois assessores pessoais, quatro seguranças e dois veículos oficiais com motoristas --com salários mensais entre R$ 2.585,13 e R$ 13.036,74).
EUA
Viúvas e viúvos de ex-presidentes também têm direito a uma pensão mensal de cerca de US$ 1.600 (R$ 6.000). Os valores são recebidos mesmo se o ex-mandatário tiver outra fonte de renda.
A legislação não prevê um limite no número de funcionários, mas barra o total de dinheiro dado para bancá-los: nos 30 primeiros meses após deixar o cargo, o limite é de US$ 150 mil por ano; depois disso, o valor cai para US$ 96 mil anuais.
Ex-presidentes ainda têm direito a um valor para alugar e manter um escritório. Hoje usufruem dos benefícios Barack Obama, George W. Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter. Ex-presidentes não têm direito a foro privilegiado.
Chile
Com a mudança da legislação nos anos 2000, ex-presidentes deixaram de ser senadores vitalícios. Todos têm direito a verbas para custear transporte, a montar e a manter um escritório. Mas devem prestar contas dos gastos.
França
Ex-mandatários franceses recebem pensão, moradia, transporte (incluindo carro com motorista e viagens de avião e trem), assessores e seguranças. Tudo bancado pelo governo.
Além disso, os ex-presidentes passam a integrar o Conselho Constitucional do país.
Mas os benefícios não são todos vitalícios. O transporte, por exemplo, é custeado somente por cinco anos. O número de funcionários disponíveis também é reduzido depois do mesmo período.
Argentina
Os valores variam de acordo com o cargo e o tempo de serviço, o que cria certa disparidade entre eles. Adolfo Rodríguez Saá, por exemplo, que ocupou a Presidência interinamente por uma semana em 2001, recebe uma pensão de 158.344 pesos (pouco mais de R$ 16 mil), enquanto Carlos Menem, ocupante por dez anos (1989-1999), recebe 177.949 pesos (R$ 18 mil).
Já Cristina Kirchner acumulava, até o meio de 2016, a pensão referente aos seus oito anos de Presidência e a pensão do seu marido, Néstor, presidente por quatro anos e meio.
A Corte argentina decidiu, no entanto, que ela só teria direito a uma das duas.
Como no Brasil, há limite para reeleição (uma vez), mas não de retorno ao cargo, o qual a ex-presidente pretende concorrer em 2019, se não for impedida pela Justiça por acusações de corrupção.
Bolívia
Os ex-mandatários não têm foro privilegiado, mas podem voltar a concorrer ao cargo. Até dezembro deste ano, o limite de reeleições, estabelecido por referendo, era de duas vezes, mas o Tribunal Eleitoral do país derrubou esta decisão e autorizou a candidatura de Evo Morales para o quarto mandato em 2019.
Uruguai
Hoje, os ex-representantes têm direito à aposentadoria aos 60 anos de idade com pelo menos 30 anos de serviços prestados, como qualquer cidadão do país.
Itália
A Itália concede diferentes benefícios para ex-presidentes e ex-primeiros-ministros.
Após deixarem o cargo, os ex-presidentes, eleitos indiretamente pelo Parlamento, tornam-se senadores vitalícios. Isso significa que eles têm voz no Senado, mas não direito a voto. Não recebem regalias do cargo, como salário de 5.304,89 euros (cerca de R$ 23.500), mas têm foro privilegiado.
Atualmente, só há um ex-presidente italiano vivo, Giorgio Napolitano.
Já os ex-primeiros-ministros não se tornam senadores vitalícios, mas podem concorrer de novo ao cargo, enquanto os presidentes estão limitados a uma reeleição.
Berlusconi, principal figura da política italiana nas últimas décadas, perdeu os direitos políticos em 2012, enquanto ocupava cargo de senador eleito, após ser condenado por lavagem de dinheiro.
O empresário tentou voltar ao cargo após uma decisão da Suprema Corte, mas acabou fora em meio a um conturbado ano na política italiana.
Paraguai
Outro país que também tem o cargo de senador vitalício para ex-presidentes é o Paraguai. Eles não recebem salário nem têm direito a voto, mas têm foro privilegiado.
O cargo de senador vitalício é frequentemente debatido no país, especialmente em casos como os dos ex-presidentes Horacio Cartes e Nicanor Duarte Frutos, que renunciaram à Presidência para se tornarem senadores.
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