Nervoso, conciso e gera otimismo: mídia mundial analisa Bolsonaro em Davos
A estreia do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Fórum Econômico Mundial, em Davos, reverberou em veículos de diversas partes do mundo. Houve reportagens que destacassem o tempo curto da fala -- seis minutos --, o aparente nervosismo do debutante, mas também o otimismo gerado por sinalizações de abertura econômica do país.
O jornal espanhol El País destacou a expectativa dos empresários e executivos presentes em Davos com o discurso de Bolsonaro.
"Bolsonaro incentivou os investidores ao apostar em um novo Brasil livre de corrupção e comprometendo-se com a abertura comercial e econômica", escreveu a repórter Alicia González. O veículo também criticou a "superficialidade" do discurso de Bolsonaro, o qual foi classificado como "um dos mais curtos em uma sessão inaugural do Fórm Ecônomico Mundial".
O El País ainda citou a presença do ministro da Justiça, Sergio Moro, na comissão do governo brasileiro. Segundo o veículo, Bolsonaro "para mais detalhes, apelou ao ministro da Justiça, o juiz Sergio Moro, que colocou na prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também faz parte da delegação brasileira deslocada para Davos."
O britânico The Guardian afirmou que a presença de Bolsonaro em Davos foi "ofuscada pelo crescente escândalo em torno do filho", em referência às movimentações financeiras de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro.
"Enquanto o presidente - que chegou ao poder prometendo libertar o Brasil da corrupção e da criminalidade - se preparava para subir ao palco em Davos, relatórios divulgados em um dos principais jornais brasileiros ligaram seu filho a membros de um grupo de extermínio do Rio de Janeiro chamado Escritório do Crime", escreveu o correspondente Tom Philips.
O Financial Times reforçou a ideia de Bolsonaro de "abrir a economia" do Brasil como positiva e levou em consideração as respostas do presidente sobre o meio ambiente do país. O jornal classificou a presença de Bolsonaro em Davos como "uma das grandes atrações" do evento.
Em relação ao meio ambiente, o FT classificou a posição de Bolsonaro como "ambígua", dando a entender que as ideias esplanadas pelo presidente em Davos são contraditórias com o que havia dito na campanha.
"Sua eleição, no entanto, gerou temores entre os ambientalistas de que ele procuraria flexibilizar as regras de desmatamento, levando a mais destruição na floresta amazônica. Bolsonaro defendeu a agricultura comercial e a mineração em terras indígenas protegidas e disse que as políticas ambientais do Brasil estão 'sufocando o país'", publicou o Financial Times.
O jornal New York Times classificou a presença do presidente brasileiro em Davos como a "face do populismo" no Fórum, utilizando ainda o termo "Trump dos Trópicos". A cobertura do NYT foi permeada por comparações com Donald Trump. Segundo o jornal, o estilo de Bolsonaro é oposto ao dos estadistas que tradicionalmente frequenta o Fórum de Davos.
"Com seus instintos nacionalistas, seu estilo de homem forte e sua história de fazer declarações grosseiras sobre mulheres, gays e grupos indígenas, Bolsonaro é, em muitos aspectos, a própria antítese do 'Homem de Davos' - o termo usado para descrever o tipo de pessoa que participa da conferência anual.", escreveu o jornalista Mark Landler.
O argentino La Nación repercutiu a fala de Bolsonaro contra a esquerda latino-americana em seu título: "Bolsonaro em Davos: A esquerda não prevalecerá na América Latina". Segundo o jornal, o presidente utilizou o Fórum para "buscar injetar confiança no país". O texto ainda faz menções ao tempo enxuto utilizado por Bolsonaro para discursar, além do nervosismo aparente do presidente.
"Visivelmente nervoso em sua estreia mundial - ele leu sua mensagem em um teleprompter e depois assistiu a paineis temáticos durante a conversa com [Karl] Schwab", escreveu o periódico argentino.
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