Brasil assina 6 acordos; Bolsonaro recua e anuncia escritório em Jerusalém
O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje, em pronunciamento oficial ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que a abertura de um escritório comercial em Jerusalém reforça as relações entre os dois países. O recuo em transferir a embaixada brasileira no país de Tel-Aviv para Jerusalém levou em conta apelos da equipe econômica e do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno.
"Agora há pouco, tomamos a decisão final, ouvindo inclusive o nosso general Augusto Heleno, ministro de Estado, de abrir em Jerusalém um escritório de comércio voltado para a ciência, tecnologia e inovação", disse Bolsonaro.
O presidente foi aconselhado por Heleno e pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a não fazer a transferência da embaixada. Tamanha é a preocupação com o tema que Tereza receberá representantes de países árabes nas próximas semanas para compensar a visita de Bolsonaro a Israel.
Em coletiva de imprensa hoje, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que o escritório não tem status diplomático e que "não há nesse aspecto o reconhecimento de Jerusalém como capital". "O nosso presidente continua avaliando esta possibilidade, mas, mas neste momento, não foi isso que nós decidimos", disse.
Netanyahu agradece visita e celebra abertura de escritório em Jerusalém
Netanyahu agradeceu a visita de Bolsonaro e disse que o encontro entre os dois "é um início novo e maravilhoso" das relações entre os dois países. O primeiro-ministro também comemorou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém e disse que pode ser o primeiro passo para que a embaixada seja transferida para a cidade.
"Vou contar um segredo a vocês. Talvez a decisão de abrir um escritório comercial seja o primeiro passo para, quem sabe, a embaixada do Brasil chegar a Jerusalém. Quero abençoar o senhor, amigo, e a sua delegação. Bem-vindos a Jerusalém, capital de Israel", disse.
Ideologia de esquerda afastou os dois países, diz Bolsonaro
O presidente também aproveitou a visita oficial para criticar o distanciamento entre os dois países. Segundo ele, o relacionamento entre Brasil e Israel foi comprometido por um "governo ideologicamente de esquerda".
"Estivemos separados por algum tempo, tendo em vista um governo ideologicamente de esquerda, mas as nossas origens falaram mais alto. O povo entendeu que deveríamos mudar o destino do Brasil. E contra muita coisa, mas tendo Deus ao nosso lado, conseguimos a vitória", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro agradece apoio em Brumadinho e destaca acordos comerciais
Além de anunciar a abertura de um escritório em Jerusalém, seis atos de cooperação foram assinados pelos governos brasileiro e israelense. Os acordos foram celebrados nas áreas de defesa, serviços aéreos, segurança pública, saúde, ciência e tecnologia, além de segurança cibernética.
"Temos 26 estados no Brasil e Israel é menor que o menor dos estados brasileiros, que é Sergipe. Mas nos orgulhamos de ver a grandiosidade da nação israelense. Essas parcerias e acordos que assinamos serão muito benéficos para os nossos povos", afirmou Bolsonaro.
O presidente também agradeceu o apoio recebido do governo de Israel, que enviou ao Brasil, militares para ajudar na busca por sobreviventes na tragédia de Brumadinho. "Quero agradecer a hospitalidade e as portas abertas para novos acordos. Também quero agradecer o apoio aos irmãos que foram a Brumadinho que vitimou mais de 200 brasileiros", declarou.
Bolsonaro diz que é defensor da democracia
Bolsonaro também afirmou que viaja o mundo "em busca de uma humanidade mais justa, livre e democrática". A declaração ocorreu em meio a várias manifestações que ocorrem no país contra a ditadura militar.
O presidente determinou que os militares comemorem o dia 31 de março, data que marcou o início da ditadura militar no país. As celebrações repercutiram negativamente na sociedade e Bolsonaro minimizou as festividades.
Bolsonaro ainda terá uma série de compromissos em Israel e retornará ao Brasil na quarta-feira.
Bolsonaro e Netanyahu reconhecem Juan Guaidó como "líder da Venezuela"
Após o pronunciamento de Bolsonaro e Netanyahu, o Itamaraty informou, em nota, que os dois reconhecem "o presidente interino Juan Guaidó como o líder legítimo da Venezuela".
"Os líderes reiteraram o reconhecimento do Brasil e de Israel do presidente interino Juan Guaidó como o líder legítimo da Venezuela, e enfatizaram o firme comprometimento dos dois países a apoiar o povo venezuelano em sua luta pelo fim do regime de Maduro e pelo pleno restabelecimento da democracia naquele país", informou a nota.
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