Sem estudos, pipoqueiro paquistanês constrói avião caseiro e vai preso
Um pipoqueiro foi preso por construir o próprio avião. Ele usou materiais simples para a engenhoca: retirou o motor de um cortador de asfalto, fez as asas com estopa e retirou as rodas de um riquixá - espécie de carroça puxada por humanos, em vez de animais.
Sem ter estudado, Muhammad Fayyaz, 32, teve pouco acesso à educação e usou vídeos que achou na internet para o invento.
E, tal como um Santos Dumont paquistanês, conseguiu tirar seu avião do solo.
"Eu estive literalmente no ar. Não sentia mais nada", contou sobre seu primeiro voo.
O pipoqueiro diz que a Força Aérea do Paquistão enviou vários representantes para visitá-lo - assim como diversos curiosos o procuram diariamente na cidade de Tabur.
Sonho
Fayyaz conta que tinha o sonho de ingressar na Força Aérea quando era mais jovem. No entanto, como perdeu o pai muito cedo, precisou abandonar a escola para trabalhar e ajudar a alimentar a mãe e os cinco irmãos mais novos.
Mas o sonho por voar nunca desapareceu. Fayyaz passou a trabalhar como pipoqueiro durante o dia e fazer "bicos" como segurança à noite para guardar dinheiro para sua criação.
Pela TV, aprendeu tudo sobre propulsão, torque, pressão aerodinâmica e outros conceitos.
Sem acesso à internet em casa, o pipoqueiro precisava ir a uma cidade vizinha para se conectar à rede e procurar modelos de aviões caseiros. Em uma dessas buscas online, encontrou exatamente o que queria.
Ele vendeu um pequeno terreno da família, fez um empréstimo --que ainda está pagando-- e juntou esse pequeno dinheiro para realizar o sonho.
Com os escassos recursos, comprou sacos de estopa por atacado e convenceu um funcionário de uma loja a construir uma hélice.
Tentando e errando bastante, Fayyaz percebeu que precisava substituir alguns equipamentos e alterar o projeto aqui e ali. Sua família temia que ele estivesse obcecado.
"Eu ficava dizendo a ele para parar. Eu ficava dizendo para se concentrar em sua família e trabalho, ele estava ficando louco por nada. Mas ele não ouviu uma única palavra", diz a mãe, Mumtaz Bibi.
Mas Fayyaz continuou até, no final de tudo, fabricar um avião minúsculo, frágil e pintado de um azul brilhante.
Em fevereiro deste ano, depois de mais de dois anos sendo ridicularizado, a aeronave estava pronta.
Fayyaz afirma que seus amigos o ajudaram a bloquear uma pequena estrada que ele usou como pista para a primeira tentativa de voo em fevereiro.
O avião atingiu 120 km/h antes de decolar, disse à AFP Ameer Hussain, uma testemunha.
"Saiu uns 60 centímetros do chão", disse ele. "Ele voou por cerca de dois a três quilômetros antes do pouso."
A AFP não conseguiu provar que o voo de fato ocorreu. Mas a tentativa fez com que Fayyaz ousasse o suficiente para tentar novamente em frente ao resto de seu vilarejo, com muitos moradores zombando de seus esforços.
Ele escolheu 23 de março, dia do Paquistão, para o ato. A polícia disse que centenas de pessoas se aglomeraram em torno de seu pequeno avião, muitos deles segurando bandeiras nacionais.
Mas antes que Fayyaz pudesse ligar o motor, a polícia chegou e o prendeu, confiscando seu avião.
"Senti como se tivesse cometido um dos piores atos do mundo, como se eu fosse a pior pessoa no Paquistão", explicou. "Fui preso com criminosos".
O tribunal o libertou com uma multa de US$ 19 (R$ 75).
Os policiais afirmaram que haviam prendido Fayyaz porque o avião era uma ameaça à segurança.
O policial Zafar Iqbal explicou: "O avião foi devolvido a ele como um gesto de boa vontade. Se ele obtiver uma licença ou permissão para voar, ele estará livre para fazer isso".
O infortúnio de Fayyaz resultou em fama nas mídias sociais, e ele foi chamado de "herói" e uma "inspiração" por alguns internautas.
Representantes da Força Aérea do Paquistão fizeram duas visitas para ver o avião e o comandante de uma base próxima emitiu-lhe um certificado que elogia sua "paixão e destreza" em construir o que descreveu como um "mini-avião básico". (Com informações da AFP)
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