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A empresários, Guedes conjectura moeda única peso-real na América Latina

O ministro Paulo Guedes participa de audiência sobre a reforma da Previdência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O ministro Paulo Guedes participa de audiência sobre a reforma da Previdência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Luciana Amaral

Do UOL, em Buenos Aires

07/06/2019 01h13

Em encontro ontem com empresários argentinos e brasileiros, além de integrantes do governo federal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, conjecturou uma moeda única chamada "peso-real" no continente latino-americano.

Segundo ele, no futuro é possível que haja cerca de cinco moedas no mundo e a integração na América Latina poderia eventualmente levar a essa moeda única. Ele preferiu não citar um prazo para tanto. Perguntado se teria como fazer essa moeda de maneira rápida, falou "claro que tem, gente". "Tem jeito de fazer tudo na vida", completou.

Guedes afirmou que, para se tornar realidade, é preciso ajustes fiscais dos países envolvidos. Ao mesmo tempo, ponderou, é preciso aceitar riscos como a Alemanha assumiu na União Europeia e acabou por ganhar competitividade. Hoje é um dos países com economia mais bem-sucedida no mundo.

Questionado pela reportagem se o Brasil então poderia virar uma Alemanha no contexto da América Latina, Guedes respondeu "você concluiu bem". Na avaliação do ministro, apurou a reportagem, o Brasil "engoliria" a Argentina e os outros países da região.

O UOL apurou que o tema foi tratado em reunião em Washington D.C. com a equipe econômica argentina quando da visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Integrantes da equipe, como o ministro da Economia, Nicolás Dujovne, inclusive, já teriam tratado novamente do assunto com Guedes há algumas semanas no Rio de Janeiro.

O conceito teria sido discutido entre Guedes e equipe, mas a aplicação imediata descartada. O governo brasileiro sabe que pelo grupo de Macri, a ideia já seria lançada nos próximos meses a tempo das eleições de outubro na Argentina.

Macri gostaria de se cacifar com a possibilidade perante uma população que não confia no sistema bancário de seu país e, em tese, se sentiria mais confortável com um Banco Central em comum.

Após a reunião em Buenos Aires, o Banco Central lançou nota negando que a moeda única esteja em estudo. O UOL apurou que o texto teria sido escrito por um secretário de Guedes em viagem com o ministro em Buenos Aires para acalmar os ânimos do empresariado brasileiro.

Um integrante da equipe econômica disse que a nota foi redigida durante o jantar da comitiva brasileira na embaixada do país em Buenos Aires, e que o presidente do Banco Central, Roberto Campos, "ligou apavorado", dizendo "estar o maior tumulto" no Brasil, com pessoas do setor econômico ligando para ele.

Guedes, inclusive, teria adotado uma metáfora marítima. Para ele, hoje o Brasil seria uma canoa que tem de dar a mão ao Macri para este não afundar, mas tomando cuidado para não o puxar de corpo inteiro. Se resgatar o colega para a canoa, acredita, todos viram e ficam à deriva. O Brasil só teria capacidade de atuar como um transatlântico no caso após a aprovação da reforma da Previdência e a reeleição de Macri.

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