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Nossas políticas não causaram problemas, diz Araújo após críticas europeias

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

28/06/2019 17h04Atualizada em 28/06/2019 18h16

Em entrevista em Bruxelas, na Bélgica, onde foi negociada a conclusão do acordo do Mercosul com a UE (União Europeia), o chanceler Ernesto Araújo afirmou que as recentes críticas do presidente francês, Emmanuel Macron, e da chanceler alemã, Angela Merkel, ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) não influenciaram o tratado de livre comércio entre os dois blocos.

"Foi uma coincidência interessante que esse diálogo lá no Japão e aqui em Bruxelas tenham acontecido simultaneamente, porque deixou claro que não há problema nenhum e que nossas políticas, em qualquer área, nenhuma delas causou problema nenhum para a negociação do acordo", disse Araújo, referindo-se à conversa de Bolsonaro com Macron. Os dois presidentes se encontraram rapidamente hoje durante o G20, em Osaka, onde Bolsonaro convidou Macron para conhecer a Amazônia.

Assim que chegou ao Japão, Bolsonaro ainda rebateu a fala de Merkel, que citou como "dramática" a situação do Brasil em questões ambientais e de direitos humanos sob o atual governo. O presidente brasileiro afirmou que a Alemanha tem "muito a aprender" com o Brasil sobre meio ambiente e que não aceitaria ser "advertido".

"O governo do Brasil que está aqui não é como os anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países. A situação é de respeito com o Brasil", disse.

"Houve declarações, depois houve o encontro do presidente Bolsonaro com o Macron. O presidente teve oportunidade de falar bastante, de esclarecer o que é a política ambiental brasileira. Talvez esse esclarecimento por parte do presidente tenha contribuído para dissipar qualquer visão equivocada sobre a nossa política ambiental. Idem, mutatis mutandis [uma vez efetuadas as necessárias mudanças], para o que disse a chanceler Merkel", disse Araújo, relembrando que França e Alemanha são dois países-chave da UE.

"Se os dois principais Estados-membros da UE, Alemanha e França, fecharam a negociação, é porque estão a bordo. Estavam convictos, assim como os demais, da importância do Mercosul e da importância de fechar esse acordo", completou o ministro.

Araújo disse ainda que o acordo "reforça esse papel do Brasil como um ímã de democracia, de economia de mercado, em toda a região da América do Sul". "Sobretudo porque é um acordo com uma região, como a União Europeia, que é comprometida com estes mesmos princípios e valores fundamentais de democracia, de liberdade, inclusive liberdade econômica", afirmou.

"Reforça o empenho que temos hoje de, de uma vez por todas, consolidar a América do Sul como uma região de democracia e de economia de mercado", destacou o chanceler.