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Bolsonaro vai à Ásia vender reformas e participar de banquete de imperador

28.jun.2019 - Presidente Jair Bolsonaro e presidente da China,  Xi Jinping, durante encontro do G20, em Osaka, no Japão - Mikhail KLIMENTYEV / AFP
28.jun.2019 - Presidente Jair Bolsonaro e presidente da China, Xi Jinping, durante encontro do G20, em Osaka, no Japão Imagem: Mikhail KLIMENTYEV / AFP

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

16/10/2019 04h00Atualizada em 16/10/2019 20h40

Resumo da notícia

  • Governo quer ampliar vendas a mercado que já representa 40% das exportações brasileiras
  • Na China, agenda de Bolsonaro deve ser mais comercial
  • Bolsonaro pretende passar a imagem de país que promove reformas
  • No Japão, intenção é retribuir visitas de líderes e ver entronização do imperador

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai para o Japão e para a China a partir do dia 19 deste mês com o propósito de reforçar o comércio brasileiro com os dois países asiáticos e prestigiar a entronização do novo imperador japonês, Naruhito.

A Ásia é vista como fundamental para os negócios por concentrar cerca de 4 bilhões de habitantes e ser o destino de 40% das exportações brasileiras, segundo dados dos primeiros nove meses de 2019. O índice representa US$ 67 bilhões, dos quais US$ 46 bilhões foram negociados somente com a China.

Quase a totalidade dos produtos exportados pelo Brasil são primários, como frutas, carnes e materiais brutos, enquanto as importações se caracterizam pelo maior refinamento tecnológico, informou o secretário de Negociações Bilaterais na Ásia, Pacífico e Rússia, embaixador Reinaldo José de Almeida Salgado.

A vontade do governo federal é ampliar as exportações e mudar esse perfil por meio da venda de mais produtos de maior valor agregado a médio e longo prazo.

"Isso envolve promoção comercial, de modo a dinamizar a economia. As reformas são parte essencial para isso. No futuro vai permitir aumentar a competitividade", disse Salgado.

Bolsonaro pretende passar a imagem de um país que promove reformas internas e tem segurança jurídica para futuros aportes financeiros. Ao todo, China e Japão já contam com US$ 100 bilhões em investimentos no Brasil.

Projetos do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), com concessões e privatizações, serão mostrados a empresários estrangeiros. Datas de leilões e licitações também serão ressaltadas. Por exemplo, o leilão da cessão onerosa previsto para 6 de novembro.

Outra área prioritária é promover trocas de conhecimento em ciência e tecnologia. Acordos sobre turismo não deverão ser fechados.

O imperador do Japão, Naruhito, participa de cerimônia anual para relembrar os mortos na Segunda Guerra Mundial - Jiji Press/AFP - Jiji Press/AFP
O imperador do Japão, Naruhito, participa de cerimônia anual para relembrar os mortos na Segunda Guerra Mundial
Imagem: Jiji Press/AFP

Os debates comerciais deverão se concentrar na China, porque, desta vez, o foco da visita no Japão será a entronização do imperador Naruhito.

O embaixador afirmou que a viagem de Bolsonaro retribui uma série de visitas da família imperial japonesa ao Brasil.

O último a vir ao Brasil foi o próprio imperador Naruhito ao participar do Fórum Mundial da Água, em Brasília, em março de 2018. Ele ainda visitou um centro da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Neste ano, Bolsonaro se reuniu com o primeiro-ministro do Japão no Fórum Econômico Mundial, na Suíça, e o cumprimentou na cúpula do G20, que engloba as maiores economias do mundo, em Osaka.

Apesar do destaque da pauta comercial na China na viagem do final do mês, os negócios entre Brasil e Japão preocupam o governo, porque têm decaído em relação a anos anteriores, informou o embaixador. O comércio bilateral de janeiro a setembro de 2019 foi de US$ 7 bilhões e, em 2018, de US$ 8,6 bilhões. No entanto, os valores são metade do que foi atingido em 2011, falou.

"Essa situação nos preocupa. Por isso que o governo brasileiro e dos demais países do Mercosul têm feito tanto esforço de pensar no lançamento de um diálogo mais estruturado com o Japão com vistas a uma possível negociação de acordo de livre comércio. [...] Se a gente não correr atrás, esse comércio tenderá a declinar", declarou.

O presidente Jair Bolsonaro com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, durante reunião do G20 em Osaka, em junho de 2019 - KIM KYUNG-HOON / POOL / AFP - KIM KYUNG-HOON / POOL / AFP
O presidente Jair Bolsonaro com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, durante reunião do G20 em Osaka, em junho de 2019
Imagem: KIM KYUNG-HOON / POOL / AFP

A comitiva do governo brasileiro sai de Brasília em 19 de outubro, chegando a Tóquio, capital japonesa, no dia seguinte. No dia 22, Bolsonaro participará da cerimônia de entronização do imperador Naruhito no Palácio Imperial e de banquete promovido pela família imperial a todos os chefes de Estado presentes.

Em 23 de outubro, o presidente participará de jantar oferecido pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, aos mandatários estrangeiros, novamente. Uma reunião a sós com Abe está sendo articulada, além de encontro com representantes de empresas japonesas, como Honda e Toyota, com grande presença no Brasil.

A expectativa é que Bolsonaro também converse com integrantes da comunidade brasileira na cidade. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, mais de 200 mil brasileiros moram no Japão, enquanto há cerca de 2 milhões de descendentes japoneses no Brasil.

O primeiro-ministro da República Tcheca, Andrej Babis, pediu para se reunir com Bolsonaro em Tóquio, mas o compromisso ainda não está confirmado, informou a pasta.

Bolsonaro e comitiva chegam a Pequim, capital chinesa, em 24 de outubro. A agenda inclui evento empresarial promovido pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), encontros de Bolsonaro com autoridades do país e uma visita oficial ao presidente da China, Xi Jinping.

Este virá ao Brasil logo depois para cúpula dos Brics —grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul— previsto para 13 e 14 de novembro em Brasília.

Atos de agronegócio e de intercâmbio entre jovens cientistas devem ser assinados no encontro com Xi. Não haverá assinatura de atos no Japão por não se tratar de uma visita oficial bilateral.

Depois de Japão e China, Bolsonaro segue para três países do Oriente Médio com a missão de atrair investimentos dos bilionários fundos soberanos árabes: Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita. O retorno ao Brasil está previsto para 1º de novembro.

Quem deve integrar a comitiva oficial de Bolsonaro:

  • Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores;
  • Fernando Azevedo, ministro da Defesa;
  • Paulo Guedes, ministro da Economia;
  • Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil;
  • Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente;
  • Bento Albuquerque; ministro de Minas e Energia;
  • Marcos Pontes; ministro de Ciência e Tecnologia.