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Presidente do Chile pede que ministros coloquem cargo à disposição

Do UOL, em São Paulo*

26/10/2019 12h08Atualizada em 26/10/2019 15h40

Resumo da notícia

  • Sebastián Piñera afirmou hoje (26) que pretende reestruturar gabinete em resposta às manifestações
  • O governo também anunciou o fim do toque de recolher em todo o país até o final do dia
  • Ontem (25), cerca de 1 milhão de pessoas saíram às ruas de Santiago, capital do Chile
  • Protestos começaram na semana passada depois de aumento no preço da passagem de metrô
  • Chile é um país rico, mas com grave desigualdade social

O presidente chileno Sebastián Piñera anunciou hoje (26) que pediu a renúncia de todos os seus ministros para projetar um novo gabinete, depois de uma semana de fortes mobilizações nas ruas que exigiram mudanças no modelo econômico e levantaram fortes críticas ao sistema político do país.

"Pedi a todos os ministros que disponibilizassem suas posições para poder estruturar um novo gabinete para enfrentar essas novas demandas e cuidar dos novos tempos", disse o presidente do palácio de La Moneda, sede do governo chileno.

O governo também anunciou o fim do toque de recolher em todo o país até o final do dia. A medida esteve em vigor na última semana, restringindo a possibilidade de os chilenos saírem de casa durante a noite e a madrugada. O estado de emergência poderá ser derrubado amanhã (27), segundo o presidente.

Ontem (25), cerca de 1 milhão de pessoas saíram às ruas de Santiago, capital do país sul-americano. O número equivale a 15% da população da cidade, no que já é o maior protesto em Santiago desde a redemocratização do país.

Protestos começaram por aumento na passagem de metrô

As manifestações começaram na semana passada, com o anúncio do aumento das passagens do metrô. Mesmo depois de o presidente Sebastián Piñera ter voltado atrás e cancelado o aumento, os protestos continuaram.

Apesar de os protestos terem origem no aumento das passagens, as pessoas que estão na rua reclamam do alto custo de vida, dos altos preços e taxas cobradas por concessionárias de serviços públicos, das aposentadorias abaixo do salário mínimo e do sistema de saúde e educação, que não é acessível a todos.

Os protestos são de várias categorias. Há reivindicações de estudantes, pensionistas e hoje caminhoneiros aderiram às manifestações.

Pedido de desculpa e pacote de medidas

Na última terça (22), o presidente Sebastián Piñera pediu desculpas à população por sua falta de visão e por não ter antecipado a crise iniciada pelo aumento nas passagens. Piñera também anunciou um pacote de medidas para tentar acalmar os ânimos e conter as manifestações, mas não foi suficiente. Os protestos continuaram. A população argumenta que nenhuma das medidas anunciadas terá aplicação imediata e que são iniciativas que ainda terão de passar pelo Congresso.

Invasão à Câmara

No início da tarde de ontem (25), manifestantes tentaram invadir a Câmara dos Deputados, que, junto com o Senado, compõe o Congresso Nacional chileno, localizado na cidade de Valparaíso, mas foram detidos por Carabineros, a polícia chilena, com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água. O edifício teve que ser evacuado, e as atividades legislativas foram suspensas.

Rico e desigual

Excetuando as nações caribenhas, o Chile é o país mais desenvolvido da América Latina (ocupa a 42ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, seguido na região por Uruguai, Panamá, Costa Rica, México e Brasil), porém é o quarto país mais desigual da região, segundo a Cepal (Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe).

*Com informações da Reuters