15% da população de Santiago vai às ruas em 8º dia de protestos no Chile
Resumo da notícia
- 820 mil pessoas estão nas ruas de Santiago, protestando
- O número equivale a 15% da população da capital chilena
- Os manifestantes protestam contra o baixo valor das aposentadorias, altos custos dos serviços públicos e problemas na saúde e educação
- Mais cedo, em Valparaíso, manifestantes tentaram invadir a Câmara dos Deputados
No oitavo dia seguido de manifestações no Chile, 820 mil pessoas foram às ruas de Santiago e estão concentradas no entorno da Praça Itália, segundo os Carabineiros — polícia militar nacional. O número equivale a 15% da população da capital chilena, no que já é o maior protesto na cidade desde a redemocratização do país.
Os protestos se iniciaram semana passada como manifestações contra o aumento da passagem do metrô de Santiago, já revogado, e agora incluem outras questões, como alto custo de vida, baixas aposentadorias e preço dos serviços de saúde.
Segundo o jornal La Tercera, que não cita a fonte, o número de manifestantes já se aproxima de 1 milhão e segue crescendo. Em virtude dos protestos, 12 estações de Metrô de Santiago estão fechadas, mas sem interrupção do fluxo dos trens.
Invasão à Câmara
No início da tarde de hoje, manifestantes tentaram invadir a Câmara dos Deputados, que, junto com o Senado, compõe o Congresso Nacional chileno, localizado na cidade de Valparaíso, mas foram detidos por Carabineros, a polícia chilena, com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água. O edifício teve que ser evacuado, e as atividades legislativas foram suspensas.
Hoje é o oitavo dia de protestos no país. Já são 19 mortes registradas, com 2.840 pessoas detidas e 295 feridas por armas de fogo. Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e atualmente alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, disse que enviará, na próxima segunda-feira (28), uma missão de verificação para acompanhar os conflitos no país e examinar denúncias de violações dos direitos humanos.
Pauta social
Nesta quinta-feira (24), a Câmara havia acordado realizar uma série de sessões especiais frente à crise. Ontem havia votado a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e, nesta sexta, por exemplo, estava reunida a Comissão de Trabalho e Seguridade Social para debater o projeto do governo chileno para melhoria do sistema de pensões e de capitalização individual, que compõem a Previdência Social local.
Outra medida que estava prevista para ser votada nos próximos dias é a lei que prevê que as concessionárias de energia assumam os custos de retirada e instalação de medidores de luz.
Há uma hora, o presidente da Câmara, Iván Flores Garcia, fez um apelo ao presidente Piñera em uma entrevista à Tele13Radio: "por favor, reaja, busque com quem conversar. Todos sabemos que a situação atual não é pelos 30 pesos (valor do aumento do Metrô), mas sim pela raiva acumulada". A declaração foi postada pela rádio e retuitada pelo deputado, após a tentativa de invasão da Câmara dos Deputados.
Rico e desigual
Excetuando as nações caribenhas, o Chile é o país mais desenvolvido da América Latina (ocupa a 42ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, seguido na região por Uruguai, Panamá, Costa Rica, México e Brasil), porém é o quarto país mais desigual da região, segundo a Cepal (Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe).
Manifestações
As manifestações começaram na semana passada, com o anúncio do aumento das passagens do metrô. Mesmo depois de o presidente Sebastián Piñera ter voltado atrás e cancelado o aumento, os protestos continuaram.
Apesar de as manifestações terem origem no aumento das passagens de Metrô, as pessoas que estão na rua reclamam do alto custo de vida, dos altos preços e taxas cobradas por concessionárias de serviços públicos, das aposentadorias abaixo do salário mínimo e do sistema de saúde e educação, que não é acessível a todos.
Os protestos são de várias categorias. Há reivindicações de estudantes, pensionistas e hoje caminhoneiros aderiram às manifestações.
Pacote
O presidente Sebastián Piñera anunciou um pacote de medidas para tentar acalmar os ânimos e conter as manifestações, mas não foi suficiente. Os protestos continuaram. A população argumenta que nenhuma das medidas anunciadas terá aplicação imediata e que são iniciativas que ainda terão de passar pelo Congresso.
*Com Agência Brasil, AFP e Reuters
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