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Pilotos são processados nos EUA por transmitir imagens de banheiro do avião

28.mar.2019 - Aeronaves da companhia aérea Southwest Airlines, na Califórnia (EUA) - Mark Ralston/AFP
28.mar.2019 - Aeronaves da companhia aérea Southwest Airlines, na Califórnia (EUA) Imagem: Mark Ralston/AFP

Do UOL, em São Paulo

30/10/2019 16h29

Uma comissária de bordo da Southwest Airlines acusa dois pilotos de usaram uma câmera escondida em um banheiro de um avião para fazer transmissões ao vivo que eram recebidas em um tablet na cabine, de acordo com informações da rede norte-americana CNN. Os dois pilotos são alvos de uma ação na Justiça.

O incidente teria ocorrido em 27 de fevereiro de 2017, enquanto Renee Steinaker estava trabalhando no voo 1088 de Pittsburgh para Phoenix, nos Estados Unidos, segundo a denúncia que a comissária de bordo e seu marido, David Steinaker, apresentaram contra a companhia aérea e os pilotos.

A comissária descobriu que uma câmera estava instalada no banheiro da aeronave quando foi chamada à cabine. Um dos pilotos, Terry Graham, precisa usar o lavatório. A política da companhia aérea exige que dois tripulantes estejam na cabine o tempo todo, diz a denúncia. Steinaker viu um tablet com imagens do piloto no banheiro e perguntou ao co-piloto, Ryan Russell, se as imagens estavam sendo captadas dentro do lavatório.

Russell confirmou e disse que se tratava de uma nova "medida de segurança e ultra-secreta, que tinha sido instalada nos lavatórios de todos os aviões 737-800 da Southwest Airlines". O co-piloto pediu que ela não contasse a ninguém sobre as câmeras.

Resposta dos pilotos e da companhia aérea

Na resposta por escrito à queixa, Graham e Russell admitem que o tablet de Graham estava na cabine e que Steinaker perguntou se era uma transmissão ao vivo do banheiro. Mas os pilotos negam as outras alegações ou dizem que não têm conhecimento suficiente para responder.

A CNN entrou em contato com os advogados que representam Russell e Graham.

Em sua resposta escrita, a Southwest negou que Graham ou Russell "invadiram intencionalmente a privacidade de Renee Steinaker no voo 1088 da Southwest Airlines instalando, visualizando, assistindo, gravando e/ou reproduzindo gravações enquanto ela estava usando o banheiro".

A Southwest Airlines disse à CNN que "defenderia vigorosamente a ação", acrescentando que as autoridades investigaram a alegação há dois anos e descobriram que "nunca houve uma câmera no banheiro". Sem mais explicações, a companhia aérea disse: "O incidente foi uma tentativa inadequada de humor que a empresa não tolerou".

"A segurança de nossos funcionários e clientes é a prioridade da Southwest. Como tal, a Southwest não coloca câmeras nos banheiros de nossas aeronaves", disse um porta-voz à CNN.

Os Steinakers estão processando a companhia aérea e os pilotos por invasão de privacidade, o que causou sofrimento emocional a Renee Steinaker, assédio sexual e retaliação. Eles pedem pelo menos US$ 50 mil em danos.

Processo diz que a Southwest tentou silenciar atendentes

Steinaker diz que tirou uma foto do tablet com a imagem de Graham no banheiro, segundo o processo, e mostrou para o resto da tripulação. A CNN não viu a foto mencionada na ação.

A comissária de bordo diz que foi orientada por um supervisor para guardar o incidente para si mesma porque "se isso acontecesse, se fosse público, ninguém, quero dizer ninguém jamais voaria em nossa companhia aérea novamente".

Depois que Steinaker e outras comissárias de bordo do voo 1088 relataram o incidente à gerência da companhia aérea, segundo o processo, a companhia tentou silenciar e intimidá-las.

Elas foram testados aleatoriamente para drogas e álcool e uma delas teve que fazer vários testes de drogas em um "período muito curto", de acordo com o processo.

O marido de Steinaker, David, que também é comissário de bordo, "foi submetido a pelo menos cinco auditorias de desempenho durante alguns meses após o incidente, quando em seus 24 (anos) anteriores de serviço teve apenas três auditorias ", afirma o processo.

Em sua resposta por escrito, a Southwest também nega essas alegações sobre como a companhia aérea tratou os Steinakers após o suposto incidente.

Ronald Goldman, advogado que representa os Steinakers, disse que o comportamento dos pilotos distrai os tripulantes e compromete a segurança dos vôos.

"A cabine de um avião comercial não é um parque de diversões para espiões", disse Goldman à CNN. "Cada dia que esses dois pilotos têm permissão para voar pela companhia aérea é mais um dia que nossa cliente teme que tenha que trabalhar com pilotos que ela alega a terem causado danos significativos".

Goldman disse que Renee Steinaker perdeu vários dias de trabalho e ficou fisicamente doente com a preocupação de que poderia ter sido observada e possivelmente gravada enquanto usava o banheiro.