Documentos apontam campos de detenção para muçulmanos na China, diz jornal
Documentos publicados hoje pelo jornal "The New York Times" apontam que a China criou na região de Xinjiang, no sul do país, campos de detenção para abrigar muçulmanos onde eles deveriam se livrar do "vírus do extremismo religioso".
403 páginas foram entregues por um membro do meio político chinês, sob anonimato, sob a justificativa de querer que líderes do Partido Comunista, entre eles o presidente chinês Xi Jinping, sejam responsabilizados pelos atos.
Os textos, de acordo com o jornal, têm trechos de discursos secretos entre o presidente chinês e líderes da região. Nesses discursos, Jinping afirmaria que era preciso ser severo e não demonstrar misericórdia.
Há registros que apontem o envolvimento do presidente diretamente na criação desses campos de detenção desde 2014.
O presidente teria comparado o extremismo islâmico a um vírus e a uma droga perigosamente viciante. Enquanto líderes chineses anteriores enfatizavam o desenvolvimento econômico para reprimir a agitação em Xinjiang, Xi afirma que isso não é suficiente.
Durante uma visita a uma prisão da região, em 2014, o presidente teria afirmado que deveria ser feita uma reforma educacional. E determinou que, mesmo depois que os presos fossem libertadas, sua educação e transformação deveriam continuar.
Meses depois, os campos de doutrinação começaram a ser abertos na região, aponta o jornal. No início, eram pequenas instalações que promoviam sessões onde centenas de cidadãos da etnia Uighur eram pressionados a renegar sua devoção ao Islã e demonstrar gratidão ao Partido Comunista. Em agosto de 2016, os campos passaram a ser expandidos.
Xinjiang é uma região rica em recursos naturais no sul da China, próxima à fronteira com o Paquistão, Afeganistão e a Ásia Central. Mais da metade de sua população de 25 milhões de habitantes é composta por minorias étnicas muçulmanas.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham sido detidas na região desde 2017. Eles passam por meses de doutrinações e interrogatórios, que visam fazer com que abandonem sua religião e se tornem apoiadores do Partido Comunista.
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