Em vídeo de 2011, Trump disse que guerra com Irã faria Obama ser "patético"
Um vídeo de novembro de 2011, que voltou a circular hoje, mostra Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, criticando Barack Obama pela possibilidade de uma guerra contra o Irã. Na ocasião, ele disse que seria "patético" se houvesse um ataque organizado por Obama ao país do Oriente Médio - algo que não ocorreu nos dois mandados do democrata.
Jornais e internautas do mundo todo apontam contradição de Trump; o republicano ordenou ontem um ataque a um aeroporto de Bagdá, no Iraque, que resultou na morte do general iraniano Qasem Soleimani, chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã.
No vídeo gravado em 2011, Trump disse: "Nosso presidente [Obama] vai começar uma guerra contra o Irã porque ele não tem absolutamente qualquer habilidade para negociar. Ele é fraco e ineficiente. Nós temos um verdadeiro problema na Casa Branca. Então, eu acredito que ele vai atacar o Irã algum tempo antes da eleição porque ele acha que esse é o único jeito de ser eleito. Não é patético?".
Obama não atacou o Irã, mas Trump o fez - e em ano de eleição, como disse que o democrata poderia fazer. O atual presidente dos Estados Unidos buscará a reeleição em novembro de 2020. Enquanto isso, ele ainda enfrenta um processo de impeachment que foi aprovado pela Câmara dos Deputados e, agora, seguirá para julgamento no Senado, que é majoritariamente formado por seus colegas republicanos.
Como foi o ataque
O ataque coordenado pelos EUA contra um aeroporto em Bagdá, no Iraque, matou Qasem Soleimani, o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã, considerado um dos homens mais importantes do país. Além dele, ao menos outras sete pessoas morreram. Entre elas estava Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de milícia do Iraque, apoiada pelo Irã. A milícia da qual ele fazia parte também atribuiu a morte aos EUA.
Naim Qassem, segundo na linha de comando do Hezbollah no Líbano, também seria uma das vítimas.
A Guarda Quds é uma força de elite do exército iraniano e teria sido responsável pela invasão da Embaixada dos EUA, em Bagdá, no início desta semana.
Pentágono diz que ataque foi ordenado por Trump
O Pentágono confirmou que o ataque aconteceu "sob ordens do presidente" Donald Trump. "Os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani", afirmou em nota.
"Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos. Os Estados Unidos continuarão a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses, onde quer que estejam ao redor do mundo", concluiu.
De acordo com o Pentágono, Soleimani "orquestrou" ataques em bases de coalizão no Iraque ao longo dos últimos meses e aprovou os "ataques" na embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos no início desta semana.
Horas após a confirmação da morte de Soleimani, a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, que na terça-feira foi alvo de um ataque por uma multidão pró-Irã, recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente".
Aiatolá do Irã fala em "vingança"
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que vai "vingar" a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional no país.
"O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes anos (...) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou Khamenei em sua conta no Twitter em farsi.
Khameni nomeou o vice de Qasem Soleimani, o general Esmail Ghaani, como novo chefe das Forças Quds. O programa da força "permanecerá inalterado em relação ao período de seu antecessor", afirmou o aiatolá.
O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, afirmou nesta sexta-feira que o ataque vai "desencadear uma guerra devastadora no Iraque". "O assassinato de um comandante militar iraquiano que ocupava um posto oficial é uma agressão contra o Iraque, seu Estado, seu governo e seu povo", afirmou.
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