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Parlamento do Iraque aprova moção para expulsar tropas americanas do país

Membros do Parlamento iraquiano em Bagdá - Office/Handout via REUTERS
Membros do Parlamento iraquiano em Bagdá Imagem: Office/Handout via REUTERS

Do UOL, em São Paulo

05/01/2020 12h51

Resumo da notícia

  • Parlamentares iraquianos pedem ao governo que expulse as tropas americanas do país
  • Decisão aprovada precisa ser acatada pelo governo iraquiano
  • Decisão se deve ao ataque americano que vitimou um general iraniano no Iraque

O Parlamento do Iraque aprovou hoje uma resolução pedindo a expulsão do país dos 5.000 membros das tropas americanas e dos soldados de outros países da coalizão estrangeira. A decisão ocorre após o assassinato do general iraniano Qasem Suleimani pelos Estados Unidos na última sexta-feira (3).

A resolução do Parlamento iraquiano pede especificamente o fim de um acordo que permitiu aos norte-americanos o envio de tropas ao Iraque em 2014 para ajudar na luta contra o Estado Islâmico.

A moção aprovada não obriga o governo a cumprir a decisão, mas é o que deve acontecer uma vez que o pedido foi feito pelo primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi. "Apesar das dificuldades internas e externas que podemos enfrentar, isso é melhor para o Iraque, em princípio e na prática", afirmou Mahdi.

A escolha foi apoiada pelos parlamentares xiitas, que detêm a maioria dos assentos na Casa. A decisão, no entanto, se deve em parte à ausência de legisladores sunitas e curdos, que oficialmente se opõem ao fim do acordo.

O Parlamento também defendeu que forças estrangeiras sejam impedidas de usar as terras, águas e espaço aéreo iraquianos, interrompendo as atividades de treinamento e apoio. Além dos americanos, 400 tropas britânicas estão no Iraque, frequentemente ao lado das forças americanas e de outros membros da coalizão.

Desde o assassinato de Suleimani, os Estados Unidos disseram pretender enviar mais 3.500 soldados ao Oriente Médio para impedir uma retaliação por parte do Irã.

Os norte-americanos desembarcaram no Iraque em 2003, quando Saddam Hussein foi derrubado do poder. As tropas estrangeiras permaneceram no país sob a justificativa de combater uma insurgência violenta. Embora a administração de Obama tenha concluído a retirada de tropas em 2011, elas foram destacadas novamente para o país em 2014 para combater o Estado Islâmico, uma organização sunita extremista que surgiu da guerra civil síria.

Irã ameaça recuo em acordo nuclear

O Irã também ameaçou hoje recuar no compromisso de abandonar seu programa nuclear. A decisão significará o quinto recuo iraniano, informou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Abbas Mousavi.

"Em relação ao quinto recuo, as decisões já foram tomadas [...] Mas, considerando a situação atual, algumas mudanças serão feitas em uma reunião importante hoje à noite", afirmou o porta-voz em declarações para emissoras locais de televisão.

O acordo nuclear foi assinado em 2015 pelo Irã, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, as principais potências mundiais. Sob Donald Trump, no entanto, os Estados Unidos abandonaram o acordo unilateralmente em 2018.

Assim que deixou o tratado, Trump impôs uma série de sanções ao Irã, que passou a descumprir pontos do acordo, provocando alerta na comunidade internacional.

O plano foi construído a duras penas pelo antecessor de Trump, Barack Obama. No plano, o Irã se comprometia a reduzir o enriquecimento do urânio a uma porcentagem considerada segura pelos órgãos internacionais, suspendendo as atividades em uma de suas instalações e reduzindo suas reservas de urânio em 98% ao longo de 15 anos.

Enterro de Suleimani

O corpo do general Qassim Suleimani chegou hoje ao Irã, onde será enterrado. O corpo deixou ontem o aeroporto em Bagdá, capital do Iraque. O comandante da força Quds do Irã, unidade especial dos Guardiões da Revolução Islâmica, morreu durante ataque aéreo realizado pelos Estados Unidos.

O avião que transportou o caixão de Suleimani pousou no Aeroporto Internacional de Ahvaz por volta da 1h30 de hoje (8h no horário local).

Milhares de pessoas participam do cortejo fúnebre pelas ruas da cidade de Ahvaz. Muitas delas carregam fotos do general e cartazes com palavras de ordem contra os Estados Unidos.

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