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Indonésio é condenado à prisão perpétua por estuprar homens no Reino Unido

Reynhard Sinaga, estudante indonésio acusado de ser um estuprador em série - Polícia de Manchester/AFP
Reynhard Sinaga, estudante indonésio acusado de ser um estuprador em série Imagem: Polícia de Manchester/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/01/2020 12h10

Reynhard Sinaga, 36, um estudante da Indonésia, foi condenado à prisão perpétua por estuprar ou agredir sexualmente 48 homens em Manchester (340 km de Londres), segundo informações do site britânico The Guardian.

A polícia acredita que ele tenha abusado de pelo menos 195 homens, no período de dois anos e meio, depois de atraí-los para seu apartamento, onde as vítimas eram drogadas e atacadas após desmaiarem.

Foi provado que ele cometeu 159 crimes, incluindo 136 estupros, que ele filmou em dois telefones celulares. A polícia ainda não identificou pelo menos 70 de suas vítimas.

Sinaga foi condenado hoje à prisão perpétua por um período mínimo de 30 anos, mas já está preso. Ele já cumpre as penas de 88 sentenças de prisão perpétua com um mínimo de 20 anos antes de poder requerer liberdade condicional. Seus dois primeiros julgamentos estão relacionados a 25 vítimas e foram realizados entre 2018 e o ano passado. Hoje, ele foi condenado em mais dois julgamentos, por acusações relacionadas a outras 23 vítimas.

Sinaga alegou que suas vítimas estavam gostando de participar de sua fantasia sexual de "se fingir de morto" durante o ato sexual, mas a defesa foi descrita como "ridícula" e rejeitada por unanimidade pelos quatro júris no tribunal de Manchester.

Muitos dos homens podiam ser ouvidos nas gravações em vídeo roncando enquanto o agressor os estuprava.

Sinaga, que se mudou para o Reino Unido em 2007, aos 24 anos de idade, atacava principalmente estudantes de graduação que estavam no final da adolescência ou no início dos 20 anos.

Agressor abordava vítimas perto de clubes noturnos

O tribunal ouviu testemunhos de que Sinaga tinha uma "fórmula" testada e comprovada para encontrar suas vítimas do lado de fora de clubes noturnos a poucos minutos a pé de seu apartamento, no centro de Manchester.

Ele saía depois da meia-noite e esperava do lado de fora dos clubes, geralmente Factory ou Fifth, para atacar principalmente jovens heterossexuais que tivessem sido expulsos por seguranças ou que tivessem se separado de seus amigos. Alguns não tinham dinheiro para pegar um táxi para voltar para casa ou estavam sem bateria no celular, enquanto outros já estavam passando mal.

Todos se encontravam em estado de embriaguez quando foram abordados pelo homem sorridente, de óculos de aro preto, que parecia inofensivo. Quando ele perguntava às vítimas se elas queriam ir até o apartamento dele para dormir no chão ou tomar mais algumas bebidas, elas acreditavam em sua "boa vontade" e concordavam.

Os júris foram informados de que Sinaga mantinha os pertences dos homens como troféus e os procurava no Facebook. Ele mandou uma mensagem para um amigo para se gabar de uma vítima: "Ele foi hétero em 2014. 2015 é o seu avanço no mundo gay hahaha", disse em sua mensagem.

A polícia acredita que Sinaga teria continuado a praticar os crimes se uma de suas vítimas não tivesse acordado durante um ataque e telefonado para o socorro em 2 de junho de 2017.

Estuprador guardava imagens de seus crimes

Após a prisão de Reynhard Sinaga, a polícia descobriu vídeos em dois celulares que mostravam o homem estuprando dezenas de jovens aparentemente dormindo.

Ao examinar os dispositivos digitais e eletrônicos de Sinaga, a polícia chegou a 3,29 TB de material extremamente gráfico - o equivalente a 250 DVDs ou 300 mil fotos - com agressões sexuais.

Sempre que as vítimas, ainda grogues, recuperavam a consciência, Sinaga as empurrava de volta para o chão para continuar o ataque ou jogava seu telefone para evitar suspeitas. Poucas pessoas tinham ideia de que haviam sido estupradas até a polícia bater à sua porta, vários anos mais tarde.

Os investigadores nunca encontraram as drogas que ele usou para derrubar suas vítimas.

As pessoas estupradas descreveram como suas carreiras e relacionamentos pessoais foram afetados como resultado do abuso sexual. Várias disseram que se voltaram para o álcool e se tornaram socialmente isoladas, incapazes de contar a parentes ou amigos sobre o que aconteceu.

No tribunal, Sinaga mostrou pouca reação aos testemunhos angustiantes das vítimas, às vezes bocejando e brincando com o cabelo, sentado entre dois agentes de custódia.

Um dos homens violentados, que tinha uma carreira promissora quando foi atacado por Sinaga, disse que teria se matado se não fosse por sua mãe, uma das poucas pessoas para quem conseguiu contar o que havia acontecido.

"Estou em um ponto em que sinto que a vida não pode piorar. Este foi o meu pior pesadelo que se tornou realidade ", afirmou em um comunicado lido ao tribunal.

"Pervertido e sem senso de realidade"

Durante o julgamento, os jurados tiveram que assistir a horas de cenas explícitas gravadas por Sinaga, que insistiu na hipótese de que todos os homens atacados estavam simplesmente fingindo estar dormindo como parte de "uma fantasia de dramatização", conforme descreveu seu advogado, Richard Littler QC. Como a lei afirma que um indivíduo não pode consentir com o sexo se estiver inconsciente, foi demandado ao júri que avaliasse se os homens no vídeo estavam dormindo.

Hoje, a juíza Suzanne Goddard descreveu Sinaga como um "indivíduo perigoso, profundamente perturbado e pervertido, sem senso de realidade", e que nunca seria seguro liberta-lo. Ela disse que ele demonstrou "nem um pingo de remorso" e acrescentou: "Novamente, você parece estar gostando ativamente do processo judicial, mesmo que esteja esperando para ser condenado".

A juíza disse a Sinaga, que se manteve inexpressivo e com as mãos cruzadas a sua frente: "Você é um criminoso sexual em série que atacou jovens que estavam no centro da cidade querendo nada além de uma boa noite com seus amigos".

"Uma das vítimas, em sua declaração pessoal, descreveu você como um monstro. A escala de agressões sugere que esta é uma descrição precisa".

"Raramente, se é que alguma vez, os tribunais viram uma campanha de estupro envolvendo tantas vítimas durante um período tão prolongado".