Israel convida, mas Bolsonaro não irá a celebração contra o anti-semitismo
Autodeclarado "grande amigo do povo e do governo de Israel", o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recusou um convite do governo israelense para participar, nesta quinta (23), do que é considerado um dos maiores e mais importantes eventos diplomáticos da história do país — o 5º Fórum Mundial do Holocausto, em Jerusalém.
Esperam-se para o evento mais de 40 chefes de Estado, incluindo o presidente da França, Emmanuel Macron, e da Rússia, Vladmir Putin. Donald Trump, dos Estados Unidos, não vai, mas deve mandar o vice, Mike Pence, e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.
O evento terá como mote "Relembrando o Holocausto: combatendo o anti-semitismo" e será realizado no mês em que se celebra a libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia.
A ausência de Bolsonaro foi confirmada pelo Itamaraty. A chancelaria brasileira afirmou que o "governo israelense consultou o Brasil sobre a possibilidade de ida ao evento do Presidente Jair Bolsonaro, que declinou em virtude de visita à Índia".
O presidente parte amanhã às 8h, no horário de Brasília, para Nova Déli. Terá de fazer escala em lugar ainda não divulgado — o que abre espaço para especulações.
Mas o Itamaraty também afirmou que o Brasil enviará, como representante, o embaixador em Israel.
Faltando, Bolsonaro perderá a chance de desfazer a péssima impressão causada no mundo pelo vídeo do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, que parafraseou discurso de Joseph Goebbles, ministro da propaganda de Hitler.
Ao mesmo tempo, evitará a possibilidade de passar por novas saias justas.
Da última vez em que esteve em Israel, Bolsonaro repetiu que o "nazismo é de esquerda" — conceito refutado pelo Memorial Yad Vashem, que define a ideologia de Hitler como de "extrema-direita". É nesse memorial em que ocorrerão as celebrações às que Bolsonaro faltará.
O instituto também rebateu uma declaração que Bolsonaro fez no Rio de Janeiro, perante a líderes evangélicos. Ele afirmou que havia visitado o Yad Vashem e afirmou que "podemos perdoar, mas não esquecer".
"Não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados", afirmou o museu em nota.
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