PCC: Policiais de Brasil e Paraguai se acusam de corrupção em fronteira
Resumo da notícia
- Para paraguaios, brasileiros são corruptos; para brasileiros, paraguaios são corruptos
- Uns acusam os outros de facilitar a movimentação do PCC com drogas e armas
- Há o consenso de que a fuga de 75 de prisão da fronteira teve pagamento de propina
"Não confie em ninguém da Promotoria e da polícia paraguaia, são todos envolvidos com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Todos corruptos. Não se pode confiar", afirmou um policial federal brasileiro.
"Por que o PCC cresceu tanto? E por que se instalou aqui? São brasileiros aliados a brasileiros. No Paraguai, há corrupção, mas há ainda mais do lado do Brasil", disse um policial nacional paraguaio.
Entre investigadores brasileiros e paraguaios, há o consenso de que a fuga em massa do PCC em Pedro Juan Caballero, em 19 de janeiro, só ocorreu porque agentes carcerários se corromperam. A polícia paraguaia estima a fuga em ao menos R$ 6 milhões.
Para além da fuga, as polícias, que oficialmente afirmam trabalhar em conjunto e harmonia dos dois lados da fronteira, na prática —e nos bastidores—, dizem ter relação difícil de confiança, uma vez que descreditam informações e investigações.
Em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, a fronteira com o Paraguai tem as polícias Militar, Civil, Federal e a Guarda Municipal de Fronteira atuando na segurança. Os principais crimes registrados na cidade este ano foram violência contra mulher e perturbação de silêncio.
Já em Pedro Juan Caballero, a cidade paraguaia que faz divisa com o Brasil, a segurança é feita pela Polícia Nacional, Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e divisão de investigações da polícia. Na cidade, no ano passado, houve 150 homicídios ligados ao crime organizado.
A fronteira seca entre as cidades brasileira e paraguaia é dividida por uma avenida. O motorista trafega no sentido norte pelo Brasil, no sentido sul, pelo Paraguai. Não há nenhum tipo de fiscalização no local. Durante cinco dias, a reportagem cruzou a divisa, algumas vezes dentro do mesmo dia, e não foi parada por ninguém.
Pela facilidade na fronteira, o PCC vê o local como um território importante para trazer a maconha que é produzida no Paraguai e a cocaína produzida vinda da Bolívia, do Peru e da Colômbia. Para não haver problemas no tráfego, no entanto, a facção paulista paga propina.
Para investigadores brasileiros, essa propina é direcionada a policiais e promotores paraguaios, além de políticos e caminhoneiros. Eles reclamam que há poucas apreensões de drogas e facilidades para trafegar drogas e armas por toda a região.
Já investigadores paraguaios afirmam que policiais brasileiros retém um caminhão com drogas para dar a impressão à sociedade de que estão atuando firmemente, enquanto fazem vistas grossas a, em média, outros três.
Oficialmente, investigadores paraguaios e brasileiros negam as acusações.
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