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75 membros do PCC fogem de prisão no Paraguai; auxílio de agentes é apurado

Túnel que teria sido usado por integrantes do PCC para fugir de prisão no Paraguai - Reprodução
Túnel que teria sido usado por integrantes do PCC para fugir de prisão no Paraguai Imagem: Reprodução

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

19/01/2020 11h12

Resumo da notícia

  • Acusados de integrar PCC fugiram de prisão em Pedro Juan Caballero durante a madrugada de hoje
  • Nas celas dos presos, foram encontradas 200 mochilas cheias de terra retirada para fazer túnel
  • Ministro, no entanto, vê túnel como possível "fachada" para um auxílio de agentes penitenciários e policiais
  • Governo paraguaio suspeita de corrupção de agentes para facilitar a fuga

Na madrugada de hoje, 75 homens presos em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, acusados de integrar ou colaborar com o PCC (Primeiro Comando da Capital), fugiram através de um túnel cavado. Apenas um deles, que seria o 76º a fugir, foi detido.

Segundo o Ministério da Justiça, dos 75 fugitivos, 40 são brasileiros. Inicialmente, a imprensa paraguaia informou que haviam fugido 91 membros do PCC, o que o governo retificou no fim da manhã. A Polícia Nacional do Paraguai foi acionada e faz buscas em toda a região durante este domingo (19).

O ministro do Interior, Euclides Aceved, não descartou um possível auxílio de agentes penitenciários para a fuga tampouco que alguns dos presos possam ter saído, além do túnel, pelo portão principal da prisão.

O ministro afirmou que o túnel pode ter sido apenas uma fachada para ocultar um possível auxílio. Entre a saída do túnel cavado e uma guarita, há distância de apenas 25 m. Outra guarita está a 70 m do local.

Em nota, o Ministério do Interior afirmou que a região de Pedro Juan Caballero, que fica na fronteira com Mato Grosso do Sul, está em "alerta máximo". Segundo a pasta, a maioria dos fugitivos é de alta periculosidade.

De acordo com a ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez, os presos estavam detidos no pavilhão B na penitenciária da cidade. Nas celas dos acusados, foram encontradas 200 mochilas cheias da terra que foi cavada para fazer o túnel.

Em dezembro, o governo paraguaio havia identificado um suposto plano de fuga de membros do PCC no presídio da cidade. A suspeita é de que a facção brasileira tinha oferecido US$ 80 mil a agentes penitenciários e policiais.

Em nota, a ministra colocou seu cargo à disposição para uma possível renúncia. "A responsabilidade política deste ministério é minha. (...) O presidente tomará a decisão que tiver de tomar", afirmou.

Governo vê "corrupção" de agentes em plano de fuga

Em entrevista à rádio paraguaia ABC Cardinal, a ministra afirmou que "é categórico que houve corrupção". Segundo ela, é possível que os US$ 80 mil tenham sido pagos para facilitar a fuga.

A promotora Reinalda Palacios esteve pela manhã na penitenciária e conferiu as imagens do circuito fechado. Ela disse à imprensa local que, depois das 4h, observou-se um movimento intenso no pavilhão do PCC, o que deveria ter chamado a atenção da segurança.

Ainda de acordo com ela, entre o primeiro piso e o segundo, há um portão, que deveria estar com cadeado, o que não aconteceu.

Na fronteira com o Brasil, Pedro Juan Caballero tem, historicamente, registros de assassinatos pela importância da localidade para o tráfico internacional de drogas. O local faz parte de uma das principais rotas de drogas que chegam ao Brasil.

Investigadores do Paraguai já determinaram que esse possível auxílio seja apurado. O governo do país vizinho também informou o governo brasileiro sobre a fuga e sugeriu auxílio nas fronteiras, uma vez que há a suspeita de que os fugitivos possam voltar ao Brasil.

De acordo com jornais paraguaios, entre os presos, estão integrantes do PCC que mataram dez homens dentro da prisão de San Pedro, durante um motim, em junho do ano passado.

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