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Tanzânia: Presidente envia frutas para testes da covid e questiona números

31.out.2016 - Presidente da Tanzânia, John Magufuli, em Nairobi - Magdalene Mukami/Anadolu Agency/Getty Images
31.out.2016 - Presidente da Tanzânia, John Magufuli, em Nairobi Imagem: Magdalene Mukami/Anadolu Agency/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

19/05/2020 10h04Atualizada em 19/05/2020 11h01

John Magufuli, presidente da Tanzânia, enviou amostras de frutas e animais com nomes de seres humanos para o laboratório nacional de testes do coronavírus. De acordo com o presidente, o envio seria para comprovar "falsos positivos" e questionar a credibilidade dos locais.

De acordo com o presidente, as amostras dos animais e frutas foram secretamente obtidas por "testadores" — inclusive de ovelhas, cabras e patas, com nomes humanos e enviadas ao laboratório de referência do país com objetivo de serem testados para o coronavírus. Segundo Magufuli, as amostras enviadas obtiveram resultados positivos.

Em transmissão no canal estatal, o presidente pediu uma investigação sobre o "jogo sujo" em laboratórios e sugeriu que "equipamentos ou pessoas podem ser comprometidos" chamando a situação de "sabotagem". Ele chegou a ordenar a demissão do chefe do laboratório nacional. "Sempre levantei minhas suspeitas sobre como nosso laboratório nacional conduz os casos da covid-19", disse o presidente.

Magufuli fez as declarações no domingo (17) durante uma missa em sua cidade natal, Chato, onde comentou que pretende manter as fronteiras da Tanzânia aberta com seus oito vizinhos. Os comentários do presidente seguem uma sequência de declarações nas últimas semanas, minimizando a ameaça da pandemia.

Em um vídeo, segundo o Guardian, o presidente chegou a comentar que remédios naturais ajudaram seu filho a se curar da doença. "Meu próprio filho, depois de contrair o vírus, fechou-se em seu quarto, tomou uma solução de limão e gengibre antes de melhorar e é capaz de fazer flexões". Vale ressaltar que não há comprovação científica que exista um remédio ou uma vacina contra a covid-19.

"Tivemos várias doenças virais, incluindo Aids e sarampo. Nossa economia deve vir em primeiro lugar. Não deve dormir. Se permitirmos que nossa economia durma, não receberemos salários. A vida deve continuar", acrescentou o presidente.

O presidente já foi acusado por profissionais de saúde de mentir sobre o número real de casos oficiais do coronavírus.

Apesar de a Tanzânia ter introduzido algumas medidas de distanciamento social igual a de seus vizinhos, o presidente preferiu incentivar as pessoas a comparecerem nos cultos de suas igrejas e mesquitas, insistindo que as orações "possam vencer" o vírus que ele denomina como "satânico".

Segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins, até o momento, a Tanzânia possui 509 casos oficiais e 21 mortes em decorrência do vírus.