Médico morto por covid em aposentadoria interrompida é chamado de 'herói'
O respeitado médico James Mahoney, de Nova York, foi exaltado hoje como "herói" após morrer com a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, em 27 de abril. Ele havia interrompido sua aposentadoria para ajudar no enfrentamento da pandemia.
Alunos e médicos mais jovens nutriam profunda admiração por Mahoney, que continuou trabalhando na linha de frente dos hospitais mesmo após contrair o coronavírus. Ele é visto como um exemplo para os futuros profissionais de saúde da região do Brooklyn.
"Como um jovem negro, eu olhava e pensava: 'daqui a 20 anos, quero ser como ele. Quando um jovem negro aluno de medicina ou residente olha para ele, vê um herói. Alguém que você pode se tornar um dia... Ele é o nosso Jay-Z", disse Latif A. Salam, ex-aluno de Mahoney, em entrevista ao jornal The New York Times.
De acordo com o médico Robert F. Foronjy, chefe de Mahoney, ele nunca hesitava em ajudar as vítimas do coronavírus: "Havia pessoas que hesitavam em entrar nos quartos, e você podia entender por quê. Mas ele via outro ser humano em necessidade e não hesitava".
O médico James Mahoney atuou por quase quatro décadas no SUNY Downstate Medical Center, no Brooklyn, atendendo pacientes com HIV, vítimas dos ataques de 11 de setembro, paciente com a gripe suína, entre outros.
Em entrevista ao jornal The Guardian, da Inglaterra, a irmã de James relatou como ele era uma referência para estudantes, sobretudo os jovens negros da medicina. "Ele olhava para os residentes negros e dizia: você é tão inteligente quanto os outros", disse.
Segundo reportagem do jornal "Washington Post", ele havia feito uma viagem ao Caribe com a família em janeiro para celebrar os 62 anos e havia dado entrada no pedido de aposentadoria. Com a pandemia, ele decidiu trabalhar por mais tempo e adiar a aposentadoria.
"Dois hospitais estão chorando. Sem parar. Meu irmão deu tudo a esse hospital. Ele deu sua vida por esse hospital", disse Melvin Mahoney ao Post.
Mahoneu cuidava de pacientes que estavam na UTI com o novo coronavírus e fazia turnos também em outro hospital, o Kings County Hospital Center, próximo ao outro. O médico Robert F. Foronjy, chefe de Mahoney, disse que o amigo agiu sem medo durante o tempo em que tratava pacientes com covid-19.
No dia 27 de abril, Mahoney morreu no Hospital Tisch, em Nova York, sete dias depois de ir por conta própria à emergência do Hospital Universitário com sintomas da covid-19. Sentia dificuldade para respirar, tinha febre e mal conseguia andar. Foi transferido para o outro hospital para ser melhor tratado. Não resistiu.
Os colegas de trabalho o acompanharam no hospital, para que ele não ficasse sozinho, como acontece com os pacientes mais graves da covid-19, que não podem receber visitas de amigos e familiares.
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