Protesto antirracismo em Londres tem estátuas protegidas contra vandalismo
Manifestantes em defesa do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) se reuniram hoje em Londres dentro do horário estipulado pelo governo — antes das 17h, no horário local — para evitar confrontos com grupos de extrema-direita, que tinham planos de realizar um "contra-ataque" nas ruas da capital britânica.
Estátuas de Nelson Mandela e Mahatma Ghandi foram protegidas com estruturas metálicas, na intenção de protegê-las de eventuais ações de vandalismo.
De acordo com a CNN, um hooligan, como são chamados os integrantes violentos de torcidas organizadas de futebol, confirmou que havia ameaças de derrubar o monumento em homenagem a Mandela, o líder negro sul-africano.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, usou as redes sociais para pedir que as pessoas fiquem longe dos protestos neste fim de semana, em razão de um "alto" risco de violência na cidade.
"A qualquer um que esteja planejando se juntar aos protestos #BlackLivesMatter neste fim de semana: para sua segurança, por favor, fique em casa e encontre um lugar seguro para fazer sua voz ser ouvida", diz Khan.
"Aos grupos de extrema-direita sequestrando essa causa crucial: moradores de Londres não têm tempo para seu ódio."
O grupo oficial do Black Lives Matter no Reino Unido também pediu que os manifestantes permanecessem em suas áreas locais, e uma instituição de caridade antirracismo alertou sobre a possibilidade de violência de "hooligans do futebol" e grupos de extrema-direita.
Por volta das 14h20, houve um princípio de confronto após a imobilização de um manifestante por pelo menos cinco agentes policiais, segundo imagens da CNN. Não foi possível identificar de qual ato a pessoa participava.
Em seguida, integrantes do protesto começaram a se aglomerar em uma esquina, sendo barrados de avançar por um cordão de isolamento de policiais. Pessoas que andavam nas proximidades, sem ligação com o ato, procuraram se afastar de possíveis embates violentos.
George Floyd e a onda de protestos pelo mundo
A morte do norte-americano George Floyd no dia 25 de maio, nos Estados Unidos, desencadeou uma onda de protestos contra o racismo não apenas nos EUA como em vários países pelo mundo.
Floyd, um cidadão negro de 46 anos, foi imobilizado e algemado por policiais, que atendiam a um chamado sobre um homem que usava dinheiro falso em uma loja de conveniência.
Já deitado no chão, de bruços, Floyd foi asfixiado por um dos policiais, um homem branco, que se ajoelhou sobre seu pescoço. Uma pessoa que passava pelo local registrou a ação em um vídeo, que foi depois compartilhado e causou grande comoção e revolta.
Nas imagens, testemunhas pedem ao policial que retire o joelho do pescoço de Floyd, observando que ele não estava se mexendo. Alguns dizem que "seu nariz está sangrando", enquanto outra pessoa pede: "Saia do pescoço dele".
Em determinado momento, Floyd diz: "Não consigo respirar", o que não demoveu o policial de continuar na mesma posição por quase nove minutos.
Estátuas derrubadas ou depredadas: "Ele era racista"
Em algumas manifestações em defesa dos direitos negros e da igualdade civil, monumentos que homenageavam personalidades influentes na história ocidental, mas de comportamento antidemocrático, foram derrubadas ou depredadas.
No último domingo (7), uma estátua do ex-premiê britânico Winston Churchill no centro de Londres recebeu a frase "Ele era racista".
No mesmo dia, manifestantes em Bristol derrubaram a estátua de Edward Colston, um comerciante de escravos, e a jogaram em um rio.
Na Bélgica, uma estátua do rei Leopoldo 2º foi removida de seu pedestal em Bruxelas. Tropas do monarca da era colonial mataram e mutilaram milhões de pessoas na República do Congo, país africano que foi governado por ele durante grande parte de seu reinado, de 1865 a 1909.
Várias representações de Leopoldo 2º no país foram vandalizadas, com estátuas queimadas e pintadas com tinta vermelha.
Uma estátua do rei Baudouin — o monarca da Bélgica com segundo maior reinado depois de Leopoldo 2º — foi encontrada manchada de vermelho em um parque em Bruxelas, com a palavra "reparação" pintada na parte traseira.
Em movimentação oposta, supremacistas brancos atacaram monumentos em homenagem a pessoas negras.
Na Inglaterra, uma estátua do poeta, dramaturgo e ator jamaicano Alfred Fagon foi vandalizada com uma substância semelhante à água sanitária. O monumento, localizado no subúrbio de St. Pauls, na cidade de Bristol, foi erguido em 1987, no primeiro aniversário de sua morte.
Fagon foi a primeira pessoa negra a ter uma estátua erguida em sua homenagem na cidade.
O ato foi visto como um ato de racismo, ainda mais por que o produto usado para danificar o monumento tem propriedades alvejantes, ou seja, para branquear.
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