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Há muitas crianças feridas por destroços, diz médico brasileiro em Beirute

O cirurgião plástico brasileiro Ghassan Said que está atendendo as vítimas da explosão em Beirute; mais de 100 pessoas morreram na tragédia - Reprodução/GloboNews
O cirurgião plástico brasileiro Ghassan Said que está atendendo as vítimas da explosão em Beirute; mais de 100 pessoas morreram na tragédia Imagem: Reprodução/GloboNews

Do UOL, em São Paulo

05/08/2020 09h04

O cirurgião plástico brasileiro Ghassan Said que está ajudando no atendimento de vítimas da explosão em Beirute disse que hoje os médicos poderão ter uma melhor noção de toda a situação e que há muitas crianças feridas.

"No momento, os pacientes que eu recebi têm traumas da explosão por vidro, cortes, esse tipo, outros hospitais receberam pacientes com tipos de queimaduras. Há casos de muitas crianças machucadas pelos destroços, casos de fraturas. E muitos pacientes com abalo psicológico. Pacientes que estavam mais próximos do local da explosão vão aparecer ainda mais", disse Said em entrevista à GloboNews na noite de ontem.

Ele espera receber mais feridos com queimaduras, conforme sobreviventes forem resgatados pelas equipes de busca. "Devem aparecer mais feridos, estão procurando gente que está no meio dos destroços. Amanhã (hoje) será um dia mais claro para gente. Esse tipo de paciente com queimaduras vai aparecer bastante. Esses casos estão sendo tratados e Beirute. Os casos menos graves estão sendo levados para os hospitais nas cidades ao redor de Beirute", completou.

A explosão aconteceu no final da tarde de ontem em um depósito de nitrato de amônio na zona portuária de Beirute. A substância estaria armazenada de forma ilegal no local, segundo investigações preliminares. O número de feridos supera 4.000 e o de mortos passa de 100, segundo a Cruz Vermelha Libanesa.

Said já tinha terminado o seu turno em um dos hospitais da cidade, mas retornou assim que soube da explosão. Segundo ele, a maioria das vítimas atendidas tinha ferimentos causados por destroços, mas ele espera que mais vítimas com queimaduras comecem a chegar aos hospitais.

O médico também relatou que muitas pessoas estão saindo da cidade. "Vi muito fluxo de carros saindo da cidade e indo para locais mais distantes. Devido a essa substância química, estima-se que por três dias o clima em Beirute não estará nas melhores condições", comentou.

Said contou ainda que mora a cinco minutos do local da explosão e que o teto do elevador do seu prédio desabou com impacto da explosão.

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A tragédia acontece em meio à pandemia de coronavírus. Segundo Said, a situação estava controlada e o governo decidiu reabrir restaurantes, lojas e shopping. No entanto, com o aumento de casos, um lockdown teria início amanhã com duração de 15 dias.

"Mas com essa tragédia, vamos ver como vão ficar as coisas. Tentamos atender sem muita gente ao redor do paciente, só uma pessoa da família pode acompanhar, parentes ficam do lado de fora do hospital. Estamos tentando controlar essa situação da melhor maneira possível", disse o médico.