Estou perturbado, diz vizinho que gravou homem sendo baleado por policiais

Raysean White, responsável por gravar os policiais atirando pelo menos sete vezes em Jacob Blake, um homem negro desarmado e que estava de costas para os atiradores, diz que está traumatizado e que sente "perturbado" ao relembrar a cena.

As imagens divulgadas na internet mostram a ação contra Blake enquanto ele caminhava em direção ao seu carro onde estavam os seus três filhos. O caso aconteceu no domingo (23), em Kenosha, nos EUA.

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"É perturbador olhar pela janela onde moro e ver este homem levar sete tiros da polícia", disse White à CNN. "É muito perturbador para mim, mas tenho certeza de que os filhos de Jacob ficaram mais traumatizados do que qualquer pessoa durante toda a situação."

White contou que nunca falou com Blake, mas que sempre vê os filhos do morador brincando fora de casa. O vizinho disse em entrevista que espera que a polícia seja responsabilizada pela ação e o uso excessivo da força policial.

"Eu realmente espero que todos vejam o que está constantemente acontecendo ao redor do mundo e neste país. Espero que eles realmente consigam justiça por este homem [Jacob Blake]", disse.

O morador também comentou que não conseguiu dormir no domingo por estar traumatizado e com raiva da ação que registrou.

"A polícia quer que todos saibam que eles estão aqui para proteger e servir, mas vocês estão constantemente nos dando — os negros, em particular — razões para não permitir que vocês protejam e sirvam", explicou White.

"Não queremos vocês por perto porque estamos com medo por nossas vidas. Você chega a um incidente para desarmar uma discussão, e este homem negro leva um tiro. Não era para acontecer isso", avaliou.

A Divisão de Investigação Criminal do Departamento de Justiça de Wisconsin investiga o caso.

Saúde de Blake

Segundo Ben Crump, advogado que representa a família de Blake, o quadro da vítima é estável, porém, ele segue em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Em entrevista ao jornal Chicago Sun-Times, o pai de Blake, que também se chama Jacob, informou hoje que o filho está paralisado da cintura para baixo, mas os médicos ainda não sabem se a lesão será permanente.

Violência policial

Na noite de ontem, em Wisconsin, estado onde ocorreu o caso, a polícia utilizou gás lacrimogêneo para dispersar centenas de manifestantes que protestavam contra a violência policial e o genocídio negro nos Estados Unidos. Desde à noite de domingo, quando ocorreu o caso de Blake, ocorrem outros protestos pelo país.

O governador de Wisconsin, Tony Evers, afirmou que também pediria o envio de 125 membros da Guarda Nacional para manter a ordem no local.

Além do caso de Blake, os manifestantes também relembraram os casos de George Floyd, um homem negro asfixiado até a morte por um policial branco em maio, de Raysahr Brooks, em Atlanta, e de Breonna Taylor, em Louisville, todos eles nos EUA.

*Com informações da AFP