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Caso Jacob Blake: xerife de Kenosha já foi acusado de racismo em 2018

Jacob Blake foi baleado pela polícia da cidade de Kenosha, no estado norte-americano de Wisconsin - Reprodução / Twitter
Jacob Blake foi baleado pela polícia da cidade de Kenosha, no estado norte-americano de Wisconsin Imagem: Reprodução / Twitter

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 15h29

O xerife de Kenosha, cidade no estado de Wisconsin (EUA) que foi palco do caso Jacob Blake, já foi acusado de racismo por declarações feitas em janeiro de 2018 e resgatadas agora pela imprensa norte-americana.

Blake é negro e foi baleado — aparentemente pelas costas enquanto três de seus filhos assistiam — pela polícia de Wisconsin no fim de semana. De acordo com o advogado da família, Ben Crump, o jovem está com parte do corpo paralisado e que "só por um milagre" ele conseguirá voltar a andar.

Na ocasião, em 2018, o xerife David Beth estava investigando um roubo em um shopping que levou a uma perseguição e a um acidente envolvendo dois carros.

Os suspeitos bateram em outro carro, dirigido por um jovem de 16 anos que tinha acabou de tirar sua carteira de motorista. Ninguém ficou ferido e os cinco suspeitos responderam por roubo e obstrução da justiça.

O xerife disse, na época, que os cinco jovens acusados de roubo — todos negros — "não valem a pena ser salvos" e deveriam ficar presos para o resto da vida.

No vídeo, resgatado pelo TMZ, ele ainda cita os suspeitos como "essas pessoas" e sugere que as autoridades deveriam construir "armazéns" nos presídios para elas.

"Vamos colocá-los na cadeia [...] pelo menos impedir que alguns desses homens saiam e deixem 10 mulheres grávidas. Vamos separá-los. Uma hora temos que deixar de ser politicamente corretos", opinou, citando que não se importa com "raça e a idade deles".

Beth também afirmou, na ocasião: "Neste país, nesta comunidade, neste estado, temos que chegar a um ponto em que não aguentaremos mais o lixo que enche nossas comunidades. Eles são um câncer para nós."

Manifestações

Depois de três madrugadas de protestos, centenas de manifestantes antirracistas prestaram, na noite de ontem, uma homenagem pacífica a duas pessoas mortas durante a violência deflagrada no dia anterior, em Kenosha.

Para esta nova manifestação, que ignorou o toque de recolher, os organizadores multiplicaram os pedidos de calma.

"Todos estão esperando que a gente saia com raiva, que a gente enlouqueça na quarta noite, mas estamos fazendo um protesto pacífico como deveríamos", disse Big Homie Trail, um músico que participou do protesto.

"Vamos continuar marchando. Eles estão tentando nos silenciar, mas não vão", garantiu.

A violência começou no domingo nesta cidade de 100.000 habitantes em Wisconsin, no norte dos Estados Unidos, depois que um cidadão negro ficou gravemente ferido durante sua detenção.

Jacob Blake foi baleado sete vezes à queima-roupa pelo policial branco Rusten Sheskey, enquanto tentava entrar em seu carro, observado por seus três filhos. Esse ato, repudiado como parte da brutalidade policial contra a comunidade afro-americana, filmado e viralizado nas redes on-line, provocou uma nova onda de protestos no país.

Com gritos de "Black Lives Matter" ("As vidas dos negros importam") e "Sem justiça não há paz", as manifestações se repetiram em várias cidades.