Shinzo Abe anuncia que irá renunciar ao cargo de premiê do Japão
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, 65, afirmou hoje que irá renunciar ao cargo para cuidar de um problema de saúde. Ele fez o anúncio durante uma entrevista coletiva. Ele está no poder desde 2012 e o mandato vai até 2021. Ainda não há um sucessor definido pelo Partido Liberal Democrático.
"Não posso ser o primeiro-ministro se não puder tomar as melhores decisões para o povo. Decidi renunciar ao meu cargo", disse Abe.
O premiê japonês afirmou que continuará a exercer suas funções até que um substituto seja escolhido. "Vou continuar a cumprir rigorosamente meu trabalho até que o próximo primeiro-ministro seja nomeado", declarou.
Abe esteve duas vezes no hospital nos últimos dias. Na ocasião, ele afirmou à imprensa: "Cuidando da minha saúde, quero continuar trabalhando duro pelo país. Recebi os resultados detalhados de meus exames e fiz testes adicionais".
Aos jornalistas, Abe disse que voltou a enfrentar uma colite ulcerosa, uma doença crônica não contagiosa que provoca inflamações no intestino grosso e na mucosa do reto.
Na segunda-feira (24), ele passou por exames médicos em um hospital de Tóquio, pela segunda vez em oito dias.
Uma revista japonesa informou recentemente que Abe foi visto cuspindo sangue no início de julho. A imprensa destacou que o chefe de governo não havia concedido nenhuma entrevista coletiva importante nas últimas semanas.
Sem esconder sua emoção, o premiê afirmou que está "profundamente triste" por deixar o posto um ano antes da data prevista e em plena crise do coronavírus.
"Peço desculpas do fundo do meu coração por, apesar de todo o apoio do povo japonês, estar deixando o cargo com um ano inteiro faltando para o fim do meu mandato", disse Abe, com lágrimas nos olhos e voz embargada.
Quem será o novo primeiro-ministro?
O novo chefe de governo provavelmente será o vencedor das eleições pela presidência do Partido Liberal-Democrata, comandado atualmente por Abe.
O primeiro-ministro não fez comentários sobre seu possível sucessor na entrevista coletiva e afirmou que "todos os nomes que circulam são pessoas muito capacitadas".
O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, e o ministro das Finanças, Taro Aso, são apontados como os nomes mais fortes para a sucessão.
O ex-ministro da Defesa, Shigeru Ishiba, e o atual, Taro Kono, além do ex-ministro das Relações Exteriores e estategista político do Partido Liberal-Democrata, Fumio Kishida, também são potenciais candidatos ao cargo.
Abe bateu na segunda-feira o recorde de longevidade no cargo de primeiro-ministro do Japão no mesmo mandato (2.799 dias consecutivos). Ele já havia superado a marca em novembro do ano passado, mas contando sua primeira passagem à frente do país, muito mais efêmera (um ano entre 2006 e 2007).
Entre os motivos alegados para sua renúncia na época, ele já havia citado a doença inflamatória crônica do intestino, da qual se declarou curado durante o segundo mandato.
Popularidade em queda
A popularidade do primeiro-ministro caiu nos últimos meses e registrou o menor nível desde que retornou ao poder em 2012.
Ele é fortemente criticado por sua gestão na pandemia de coronavírus, com 62 mil contágios e 1.200 mortes no país. O número de casos voltou a aumentar desde o início de julho.
Com a crise provocada pela pandemia, o sonho de Abe sobre um crescimento econômico sustentável acabou, já que, devido à pandemia, o Japão entrou em recessão.
*(Com agências internacionais)
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