Topo

Esse conteúdo é antigo

Trump deve passar os próximos dias em hospital militar, diz Casa Branca

Do UOL, em São Paulo

03/10/2020 08h17Atualizada em 03/10/2020 11h57

A Casa Branca diz que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está bem, que ele não precisa receber oxigênio suplementar e que deve passar os próximos dias trabalhando em um hospital militar nos arredores de Washington. O presidente, que disputa a reeleição, contraiu a covid-19. Como terapia, ele tem sido tratado com o antiviral Remdesivir, segundo informações da Casa Branca.

"Tenho o prazer de informar esta noite que o presidente está muito bem. Ele não está precisando de oxigênio suplementar, mas, em consulta com especialistas, decidimos iniciar a terapia com Remdesivir. Ele completou sua primeira dose e está descansando confortavelmente", diz comunicado do médico da Casa Branca, Sean Conley.

Já a a secretária de imprensa da presidência, Kayleigh McEnany, disse que, "por recomendação médica e de especialistas, o presidente trabalhará dos escritórios presidenciais [do hospital] Walter Reed pelos próximos dias".

"Por muita cautela e por recomendação de seu médico e especialistas médicos, o presidente trabalhará nos escritórios presidenciais de Walter Reed pelos próximos dias", disse McEnany. "O presidente Trump agradece a demonstração de apoio tanto a ele quanto à primeira-dama."

A notícia abalou a corrida pela Casa Branca, a um mês das eleições presidenciais de 3 de novembro.

O candidato democrata à presidência, Joe Biden, que lidera as pesquisas de intenção de voto a nível nacional, testou negativo para coronavírus três dias depois do primeiro debate com Trump e pediu para que a população leve a sério a doença e "use máscara".

Trump, de 74 anos, e Biden, de 77, são considerados do grupo de risco diante da covid-19, responsável por mais de 207.000 mortes e 7,2 milhões de contaminações nos Estados Unidos, país mais atingido do mundo pela pandemia.

A Casa Branca garantiu que o 45º presidente dos Estados Unidos segue exercendo o cargo, mas passará os próximos dias em um hospital militar, onde está desde ontem.

O médico da Casa Branca informou que Trump, que está "cansado" e de "bom humor". Antes de embarcar em um helicóptero com destino ao hospital, Trump afirmou se sentir bem, em breve mensagem de vídeo publicado em sua conta no Twitter.

"Quero agradecer a todos pelo tremendo apoio", disse Trump em seu primeiro comentário público desde que anunciou ter contraído a covid-19, na madrugada de quinta para sexta-feira.

"Vou ao hospital Walter Reed. Acho que estou muito bem. Mas vamos nos assegurar de que tudo correrá bem", explicou, afirmando que a esposa Melania, também contaminada, está "muito bem".

O chefe do gabinete de Trump, Mark Meadows, havia dito mais cedo que o presidente apresentava "sintomas leves", mas tinha "muita energia".

O vice-presidente Mike Pence, próximo no comando, testou negativo para a doença, assim como o chefe da diplomacia Mike Pompeo e o secretário do Tesouro Steven Mnuchin.

O diagnóstico de Trump, que foi testado após a assistente presidencial Hope Hicks ser contaminada, foi anunciado pelo próprio presidente via Twitter na madrugada de quinta para sexta-feira. No tuíte, no qual afirmou que iniciaria uma quarentena "imediatamente" ao lado da esposa Melania, rapidamente quebrou recordes de 'likes'.

A contaminação de Trump gerou nervosismo entre os investidores dos mercados financeiros no mundo e Wall Street fechou em baixa.

"Lembrete"

Biden, que viajou a Michigan, um estado-pêndulo em que Trump venceu nas eleições de 2016, desejou ao adversário e à primeira-dama uma "pronta recuperação" e afirmou estar rezando pelo casal presidencial.

O candidato democrata, porém, aproveitou para insistir na necessidade de se "levar a sério" a covid-19.

"Isto não é uma questão de política", disse Biden, de máscara. "É um forte lembrete para todos nós de que devemos levar este vírus a sério".

A gestão da pandemia da covid-19 é o principal tema da campanha de Biden, que culpa Trump pela crise no país por suas mensagens contraditórias sobre o vírus e sua displicência para seguir as recomendações de especialistas sobre o uso da máscara e o distanciamento social para evitar a propagação da doença.

O moderador do debate de Cleveland, o jornalista Chris Wallace, contou que os familiares de Trump chegaram ao local do evento usando máscaras, mas logo as retiraram. Naquela noite, Trump voltou a zombar de Biden por um suposto excesso de precauções.

"Eu não uso a máscara como ele", disse Trump sobre Biden durante o debate. "Toda vez que o vemos, ele está de máscara", continuou.

O médico Daniel Griffin, especialista em doenças infecciosas, explicou à AFP que Trump tem 20% de risco de desenvolver uma doença grave que necessite de oxigênio, dada sua idade e excesso de peso.

Mudanças na campanha

A doença de Trump trouxe incertezas sobre suas chances de ser reeleito para um segundo mandato. O republicano encontra-se 7,1 pontos percentuais atrás de Biden nas pesquisas eleitorais, de acordo com a RealClearPolitics.

O gerente de campanha de Trump, Bill Stepien, afirmou que todos os eventos com o presidente passarão a ser virtuais ou serão adiados temporariamente.

O segundo debate televisionado com Biden, agendado para 15 de outubro em Miami, também pode sofrer mudanças.

Trump, que costuma se gabar de ter uma saúde de ferro, manteve nas últimas semanas uma agenda de campanha lotada, apesar da pandemia, que atingiu duramente os Estados Unidos.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos em setembro, publicada nesta sexta-feira, caiu para 7,9%, mas os dados apontam para uma desaceleração da recuperação.

Trump entrou para a lista dos líderes mundiais infectados pela doença, que inclui o presidente Jair Bolsonaro; o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson; e a presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez.

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, acusado por Washington de ter administrado mal a pandemia, enviou a Trump seus "melhores votos de uma recuperação plena e rápida".

(Com AFP)