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Trump questiona anúncio de Pfizer e FDA sobre vacina somente após eleições

Do UOL, em São Paulo

09/11/2020 22h05

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, questionou anúncio feito pela farmacêutica Pfizer, de que sua vacina contra a covid-19 teria 90% de eficácia, somente depois do processo eleitoral americano.

"Como já disse há muito tempo, a Pfizer e os demais só anunciariam a vacina após a eleição. Por que não tiveram coragem de fazê-lo antes? Da mesma forma, o
FDA deveria ter anunciado antes. Não para fins políticos, mas para salvar vidas", protestou Trump, em seu perfil no Twitter.

O republicano também acusou a FDA (Food and Drug Administration, uma espécie de Anvisa nos Estados Unidos) e os democratas de 'tramarem' o anúncio sobre a eficácia da vacina cinco dias após as eleições com o objetivo de impedi-lo a ganhar o processo.

"O FDA e os democratas não queriam que eu ganhasse uma vacina antes das eleições, então, em vez disso, ela saiu cinco dias depois", completou, em seguida.

A Pfizer anunciou hoje que sua vacina experimental contra a covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença com base em dados iniciais de um estudo amplo.

Esta eficácia de proteção ao vírus SARS-CoV-2 foi alcançada sete dias depois da segunda dose da vacina e 28 dias após a primeira, informou o grupo americano em um comunicado conjunto com a empresa alemã BioNTech.

As empresas são as primeiras fabricantes de medicamentos a apresentar dados bem-sucedidos de um ensaio clínico em grande escala de uma vacina contra o novo coronavírus, que já matou mais de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo.

Elas informaram que até agora não encontraram nenhuma preocupação séria com a segurança e esperam buscar autorização para uso de emergência nos Estados Unidos ainda este mês. O país é o mais afetado pela pandemia, com 9,9 milhões de casos e mais de 237 mil mortes registradas, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

Caso haja autorização, o número de doses da vacina será inicialmente limitado. Muitas questões também permanecem em aberto, incluindo por quanto tempo a vacina fornecerá proteção. A notícia, no entanto, dá esperança de que outras vacinas em desenvolvimento também possam ser eficazes.

Os dados ainda não foram revisados por pares ou publicados em um jornal médico. A Pfizer disse que fará isso assim que tivesse os resultados de todo o estudo.

Autorização para uso emergencial

A Pfizer espera obter uma autorização ampla dos Estados Unidos para o uso emergencial da vacina em pessoas de 16 a 85 anos. Para isso, precisará de dois meses de dados de segurança de cerca de metade dos 44 mil participantes de seu estudo, que deve ocorrer no final deste mês.

O imunizante é um dos quatro que estão sendo testados no Brasil em fase 3. Chamada BNT162b2, a vacina usa ácido ribonucleico, um mensageiro químico que contém instruções para a fabricação de proteínas.

Quando injetado em humanos, o BNT162b2 instrui as células a fabricarem proteínas que imitam a superfície exterior do novo coronavírus, que o corpo reconhece como um invasor, preparando uma reação imunológica.

Pfizer e BioNTech têm um contrato de US$ 1,95 bilhão com o governo dos EUA para entregar 100 milhões de doses de vacinas a partir deste ano. Eles também fecharam acordos de fornecimento com a União Europeia, Reino Unido, Canadá e Japão.

Para poupar tempo, as empresas começaram a fabricar a vacina antes mesmo de saberem se ela será eficiente. Agora elas esperam produzir até 50 milhões de doses, ou o suficiente para proteger 25 milhões de pessoas ainda em 2020.

A Pfizer disse que espera produzir até 1,3 bilhão de doses da vacina em 2021.

O estudo

A gigante farmacêutica norte-americana disse que a análise provisória foi realizada depois que 94 participantes do teste desenvolveram covid-19, examinando como muitos deles receberam a vacina na comparação com um placebo.

A empresa não detalhou exatamente como muitos destes que adoeceram receberam a vacina, mas mais de 90% de eficiência significa que não mais de 8 das 94 pessoas infectadas com covid-19 receberam a vacina, que foi administrada em duas doses com cerca de três semanas de diferença.

A taxa de eficiência está bem acima da eficácia de 50% exigida pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA) para uma vacina contra coronavírus.

Para confirmar a taxa de eficiência, a Pfizer disse que continuará o teste até haver 164 casos de covid-19 entre os participantes. Dado o pico recente da taxa de infecção nos EUA, este número pode ser alcançado no começo de dezembro, disse Gruber.