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Espanha: a denúncia de distúrbios capilares em bebês por remédio falso

Cerca de 20 bebês tomaram medicação para crescimento de cabelo em vez de remédio para refluxo - iStock
Cerca de 20 bebês tomaram medicação para crescimento de cabelo em vez de remédio para refluxo Imagem: iStock

Colaboração pra o UOL, em São Paulo

03/12/2020 15h07

Pais querem intervenção médica após seus filhos desenvolverem distúrbio que gerou o nascimento de muitos pelos no corpo por erro de uma empresa na Espanha. O pedido foi feito na segunda-feira (30), em um caso que já dura mais de um ano.

A empresa farmacêutica Farma-Química Sur teria confundido os rótulos de duas medicações distintas e depois vendido para pacientes, causando hipertricose nas vítimas.

Em julho do ano passado, pais que procuravam uma solução prática para o refluxo gástrico de seus filhos acabaram se metendo em um problema de saúde em esfera nacional.

Na tentativa de comprar omeprazol, uma medição para diminuir a secreção gástrica, os responsáveis pelos bebês levaram minoxidil, que aumenta a produção de pelos pelo corpo.

Segundo o Ministério da Saúde local, descobriu-se que cerca de 20 crianças espalhadas em três regiões espanholas (Cantábria, Andaluzia e Comunidade Valenciana) compraram a medicação supostamente trocada e distribuída pela empresa farmacêutica Farma-Química Sur, após um erro de administração dos rótulos.

"A testa do meu filho, bochechas, braços. pernas e mãos ficaram cheios de pelos. Ele tinha as sobrancelhas de um adulto. Foi muito assustador porque não sabíamos o que estava acontecendo com ele", conta, à Agência Efe, Angela Selles, mãe de Uriel, que tinha seis meses quando sentiu os efeitos do minoxidil.

A Associação Espanhola de Dermatologia e Venereologia (AEDV) iniciou os tratamentos com 17 dos bebês que ingeriram minoxidil, e afirmou aos pais que poderiam ficar despreocupados, pois em até três meses os pelos cairiam.

"Três meses depois de tomar o remédio começa a cair o cabelo, que é o tempo médio de queda, e daqui a dois ou três meses já vai cair tudo e normalmente não sobra nada, porque é o cabelo que está aí acidentalmente", falou, em agosto de 2019, Cristina Serrano, coordenadora do grupo espanhol de tricologia (ciência que estuda alopecia e problemas capilares), da AEDV.

A afirmação de Serrano tranquilizou os pais e tornou o processo moroso, visto que o problema poderia estar resolvido. No entanto, na última segunda-feira (30), os pais dos bebês afirmaram que seus filhos voltaram a desenvolver o distúrbio de hipertricose, solicitando uma intervenção médica para tratar o caso.

Uma carta entregue ao Tribunal de Torrelavega, a qual a EFE teve acesso, diz que "na maioria das crianças" está "crescendo cabelo". O documento solicita que o médico legista intervenha e examine as vítimas.

A farmacêutica Farma-Química Sur ainda não se pronunciou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
A matéria informou incorretamente que os bebês tiveram alopecia devido a troca de remédios. Na verdade, eles tiveram hipertricose, seguido de alopecia e novamente hipertricose. A informação foi corrigida.