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Adolescente entrega a própria mãe por invadir Capitólio dos EUA

Apoiadora de Trump é denunciada pela própria filha após confusão em Washington - Reprodução/Twitter
Apoiadora de Trump é denunciada pela própria filha após confusão em Washington Imagem: Reprodução/Twitter

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/01/2021 16h23

Uma adolescente expôs na internet a própria mãe, o tio e a tia por participarem da invasão do Congresso americano, em apoio a Donald Trump.

Helena Duke, de 18 anos, repostou no Twitter um vídeo em que sua mãe, Therese Duke, aparece levando um soco de uma policial em meio a uma confusão em Washington.

"Oi, mãe. Lembra de quando você me proibiu de ir aos protestos do Black Lives Matter porque poderia ter violência? Essa aí não é você?", escreveu Helena. A postagem foi compartilhada mais de 70 mil vezes.

No vídeo, a mãe da garota tenta tomar um celular das mãos de uma policial e acaba agredida no rosto pela mulher. Em seguida, um grupo de três homens arrasta a policial para tentar bater nela, dando início a uma confusão generalizada.

A briga aconteceu na praça Black Lives Matter, que fica em frente ao Capitólio, na madrugada anterior à invasão.

Helena Duke ainda publicou uma foto sua com a mãe, para comprovar a identidade dela. "Para quem está duvidando que é minha mãe no vídeo".

Theresa teria dito à filha que iria a uma consulta médica antes de deixar a cidade onde vivem, Charlton, no Massachussets, rumo a Washington D.C.

"Ela foi muito vaga, não me deu muitas informações. Quando vi o que estava acontecendo no Capitólio, naquele momento eu pensei: 'meu Deus, ela deve estar lá'", contou Helena ao jornal New York Post.

"No dia seguinte, meu primo compartilhou o vídeo dela levando um soco de uma policial", relatou.

A jovem disse que sua mãe era democrata, mas sofreu uma "lavagem cerebral".

"Não fiquei surpresa com a ação e nem com o envolvimento da minha mãe nisso. Tudo que ela tinha na cabeça é obedecer Trump e tudo o que ele dizia. Então, acredito que ela tinha em mente que isso era a coisa certa a fazer", relatou a jovem.

Em outra postagem, Helena se identifica como a "lésbica não conservadora da família, que foi expulsa várias vezes por seus pensamentos e por ir às manifestações do Black Lives Matter".

Em seguida ela publicou os nomes da mãe, Theresa Duke, do tio, Richard Lorenz e da tia, Annie Lorenz, que também estavam na ação.

"É muito hipócrita da parte dela me expulsar de casa por participar de protestos pacíficos e no fim participar disso, que claramente era um ataque violento ao Capitólio, e ainda acabar brigando com uma policial", escreveu Helena.

A garota abriu uma vaquinha na internet pedindo ajuda para pagar seus estudos, já que rompeu com a família.

"Como vocês já estão sabendo pelas notícias, eu entreguei minha mãe por suas ações. No momento não tenho ideia de como vou pagar pelos meus estudos e tenho pouca ajuda financeira. Tenho o sonho de me tornar advogada. Quero fazer o mundo um lugar melhor e preciso de alguma ajuda para isso", pede a estudante. Ela já arrecadou US$ 11 mil.

A invasão

Motivados por Trump, apoiadores se reuniram na última quarta-feira (6), nas proximidades do Capitólio, para protestar contra a certificação da vitória de Joe Biden na eleição de 2020. Depois de esgotar todas as opções para tentar reverter o resultado das eleições de novembro, Trump apelou para seus apoiadores, convencendo-os de que era possível impedir a oficialização de Biden e Kamala Harris.

A invasão aconteceu pouco depois de a sessão conjunta do Congresso ser interrompida por uma objeção, por parte de parlamentares republicanos, ao resultado do pleito no estado do Arizona, vencido por Biden. Deputados e senadores tiveram que se esconder embaixo de suas cadeiras, e o vice-presidente Mike Pence foi retirado do prédio.

Além de policiais, atiradores de elite e outras forças de segurança foram acionados para conter os manifestantes. Ao menos cinco pessoas morreram, segundo a polícia de Washington.

O tumulto, porém, não impediu a continuidade da sessão, que foi retomada às 20h locais (22h de Brasília) e terminou por certificar Biden durante a madrugada.

Por ter incitado os manifestantes, Trump corre risco agora de ser removido do cargo por meio da 25º emenda, que trata da incapacidade do presidente. Além disso, caso a emenda não seja acionada pelo vice Mike Pence, Nancy Pelosi avisou que o Congresso agirá para retirar Trump.