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Trump se despede da presidência dos EUA e diz 'rezar' pelo sucesso de Biden

"Desejamos muitas felicidades e também queremos que tenham sorte", disse Trump em pronunciamento - Saul Loeb/AFP
"Desejamos muitas felicidades e também queremos que tenham sorte", disse Trump em pronunciamento Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

19/01/2021 18h50Atualizada em 19/01/2021 19h26

Em mensagem de despedida, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse rezar pelo sucesso do governo do democrata Joe Biden, que assume o cargo amanhã, e para que o país continue sendo, nas suas palavras, um lugar "próspero e seguro". Ele agradeceu à família e às pessoas com quem trabalhou e condenou, ainda que timidamente, a invasão ao Capitólio, no último dia 6.

"Ao término do meu mandato como 43º presidente, estou orgulhoso de tudo o que conquistamos juntos. Nós fizemos o que viemos fazer e muito mais. Nesta semana, começamos um novo governo e rezamos por seu sucesso na manutenção de um país próspero e seguro. Desejamos muitas felicidades e também queremos que tenham sorte — uma palavra muito importante.", disse Trump em pronunciamento.

Ele ainda fez uma série de agradecimentos às pessoas que o acompanharam nessa "jornada maravilhosa". Foram citados a primeira-dama Melania Trump, sua filha Ivanka e seu genro Jared, que, segundo ele, "encheram seu mundo de alegria e luz".

Ele também agradeceu ao vice e à esposa, Mike e Karen Pence, e aos funcionários da Casa Branca, além de "todos que participaram deste governo com alma e coração para lutar pelos EUA".

"Quatro anos atrás, eu cheguei a Washington como o único forasteiro a vencer a presidência. Eu não me via como político, mas abri possibilidades infinitas. Concorri porque sabia que havia novas montanhas para os EUA escalarem. Sabia que o potencial de nossa nação não teria fronteiras", acrescentou.

Ele ainda citou a invasão ao Capitólio, sede do Congresso americano, que deixou cinco mortos. Ainda que tenha sido acusado de "incitação à insurreição", que o levou a sofrer seu segundo processo de impeachment na Câmara nos Deputados, Trump disse que a violência política é um ataque a tudo que valoriza e "não pode ser tolerada".

Nunca podemos esquecer que, embora tenhamos nossas desavenças, sempre seremos cidadãos de paz e amor, e queremos que nosso país prospere, floresça e seja muito bem-sucedido. Todos os americanos ficaram horrorizados com o ataque ao Capitólio. A violência política é um ataque a tudo o que valorizamos e não pode ser tolerada. Donald Trump, em mensagem de despedida da presidência dos EUA

Ataques à China

Trump passou boa parte do discurso exaltando o que consideram serem seus feitos à frente da presidência, especialmente em relação à economia. Entre as conquistas listadas, estão a redução de impostos, a regulação dos empregos, a revisão de acordos de comércio — a qual chamou de "conserto" — e a saída do Acordo de Paris.

O republicano também mencionou as sanções "monumentais" à China, sugerindo que os EUA poderiam ter chegado mais longe se não fosse o coronavírus, que voltou a chamar de "vírus chinês".

"Milhões e milhões de dólares estavam vindo para os EUA, mas o vírus nos obrigou a ir em uma direção diferente. O mundo inteiro sofreu, mas os EUA tiveram um desempenho muito melhor do que outros países por conta de tudo que nós construímos. Sem as nossas fundações, não teria funcionado dessa forma, não teríamos tido os números que tivemos", comemorou.

Ainda sobre a pandemia, Trump também celebrou o rápido desenvolvimento de não uma, mas duas vacinas contra a covid-19: da Pfizer e da Moderna. Até o momento, segundo contagem do Our World in Data, os EUA já vacinaram mais de 12 milhões de pessoas, incluindo os 50 estados, o Distrito de Columbia e territórios pertencentes ao país.

Mais vacinas virão. Disseram que não poderia ser feito e nós fizemos. Estão chamando de milagre médico. Um outro governo teria levado três, quatro, cinco, talvez até dez anos para desenvolver uma vacina, nós fizemos em nove meses. Donald Trump, sobre a vacinação contra a covid-19

Washington sitiada

Capitólio - Stephanie Keith/Getty Images/AFP - Stephanie Keith/Getty Images/AFP
Imagem: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Às vésperas da posse de Biden, a cidade de Washington está sitiada. As medidas de distanciamento e a forte presença militar na capital americana — uma precaução necessária após a invasão ao Capitólio — tornam a cerimônia para o novo presidente tão incomum quanto os tempos atuais.

A presença de 25 mil soldados da Guarda Nacional é perturbadora e não contribui com um ambiente comemorativo. A atual situação em Washington é tão anormal que o FBI (Federal Bureau of Investigation, a Polícia Federal americana) investiga até mesmo os soldados encarregados de proteger a cerimônia para garantir que não haverá um ataque inesperado.

Também há desconfiança entre os membros do Congresso, com alguns deles temendo inclusive violência por parte de colegas.

Com os EUA enfrentando um dos períodos mais polarizados da sua história, fica difícil de a população se animar. Mesmo assim, não só os mais de 80 milhões de americanos que votaram em Biden, como muitos membros democratas — e até mesmo republicanos — estão respirando aliviados por estarem a poucas horas de verem o furacão Trump se dissipar.

Ele será o primeiro presidente americano em mais de 150 anos a não ir à cerimônia de posse de seu sucessor. Em 1869, Andrew Johnson boicotou a posse de Ulysses S. Grant.

Trump foi tolhido nos últimos dias do seu governo. Além de ser banido do Twitter, que era seu principal meio de comunicação, ele está isolado, com praticamente todos os antigos aliados já tentando se afastar dele. Nos últimos dias do mandato, o presidente republicano se encontra praticamente paralisado.

(Com RFI)