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Primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte renuncia

Giuseppe Conte renunciou do cargo de primeiro-ministro da Itália - Mondadori Portfolio via Getty Images
Giuseppe Conte renunciou do cargo de primeiro-ministro da Itália Imagem: Mondadori Portfolio via Getty Images

Do UOL, em São Paulo*

26/01/2021 09h32

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, entregou sua renúncia ao presidente do país hoje, abrindo caminho para consultas formais sobre como superar a crise política, anunciou o gabinete presidencial.

O presidente Sergio Mattarella iniciará consultas com líderes partidários na tarde de amanhã, informou seu gabinete em um comunicado, acrescentando que ele pediu a Conte que permaneça em caráter interino enquanto as conversas ocorrem

O pedido de renúncia ocorre uma semana depois de Conte ter obtido o voto de confiança no Parlamento e, segundo avaliação de analistas italianos, é uma última tentativa do premiê de se manter no poder.

A crise começou quando o ex-primeiro-ministro e senador Matteo Renzi, líder do pequeno partido de centro Itália Viva (IV), decidiu romper com o governo por discordar de suas políticas econômicas e para gestão de repasses da União Europeia.

Conte foi obrigado a pedir o voto de confiança do Parlamento e conseguiu uma maioria estreita na Câmara dos Deputados (321 votos de um total de 630), porém teve de se contentar com uma maioria relativa no Senado (156 de 320), obtida graças à abstenção de 16 membros do IV.

No entanto, com a expectativa de uma derrota na votação no Senado amanhã sobre um relatório do ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, o que causaria a queda do governo, Conte decidiu se antecipar e entregar o cargo.

Seu objetivo é obter do presidente Mattarella um mandato para tentar formar um novo governo - seu terceiro em menos de três anos -, porém desta vez com uma maioria sólida no Parlamento.

Conte tem o apoio do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) e de legendas nanicas do campo progressista, mas precisará atrair senadores da oposição conservadora ou eventuais dissidentes do Itália Viva.

Também existe a hipótese de reabrir negociações com o partido de Renzi, embora essa alternativa tenha sido descartada na semana passada por representantes do M5S e do PD. "Se Conte não colocar vetos contra o IV, a delegação do IV não colocará vetos contra seu nome", disse uma fonte da legenda centrista na noite de ontem..

Próximos passos

Com a renúncia de Conte em mãos, Mattarella deve iniciar consultas com os partidos para verificar a possibilidade de se construir uma nova maioria no Parlamento.

O presidente poderia, inclusive, indicar outra pessoa para tentar formar um governo, dependendo dos resultados das conversas com as legendas. Alguns membros do M5S e do PD dizem nos bastidores que a prioridade é evitar eleições antecipada - o próximo pleito está previsto para 2023 - em plena pandemia, e não reeleger Conte.

Os partidos de extrema direita Liga, de Matteo Salvini, e Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, querem a convocação de eleições, enquanto o moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, que poderia ser redimensionado por uma ida antecipada às urnas, já defendeu um "governo de união nacional" para administrar a Itália nos próximos meses de pandemia.

O país é um dos mais atingidos pela pandemia e tem uma das maiores taxas de mortalidade por Covid-19 em todo o mundo, com 141,42 óbitos para cada 100 mil habitantes. Segundo a Universidade Johns Hopkins, esse índice é inferior apenas aos de San Marino (que fica dentro da Itália), Bélgica, Eslovênia, Reino Unido e República Tcheca.

Trajetória

Desconhecido da maioria dos italianos até o primeiro semestre de 2018, Conte é advogado de carreira e assumiu o cargo de premiê em 1º de junho daquele ano, sem ter sido eleito pelo Parlamento.

Seu nome foi indicado pelo M5S para chefiar o governo de aliança com a Liga, que duraria até setembro de 2019. Após a crise aberta por Salvini, o PD e partidos menores de esquerda entraram na base aliada para evitar eleições antecipadas, que provavelmente dariam a vitória ao ex-ministro do Interior.

* Com informações das agências Ansa, AFP e Reuters.