Israel: O que há por trás da campanha que já vacinou um terço da população
Quase um terço da população de Israel já recebeu ao menos uma dose da vacina contra a covid-19 até esta quinta-feira (28). A aplicação dos imunizantes já dura pouco mais de um mês e tem, a seu favor, o aparato militar na logística de distribuição das doses, sistema de saúde digital e amplo, além de uma área territorial relativamente pequena.
O Our World In Data, painel feito pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, indica que é o país com a maior proporção de pessoas que tomaram ao menos a primeira dose no mundo (32,92%), à frente de Emirados Árabes (26,48%) e Reino Unido (10,97%).
De acordo com o governo israelense, 2,9 milhões de pessoas tomaram a primeira dose da vacina e 1,6 milhão, a segunda.
Com 20,7 mil km² de área, Israel é menor do que todos os estados brasileiros —Sergipe, de menor extensão territorial, tem 21,9 mil km². Além da praticidade de ser um país sem grandes dimensões, Israel tem a população estimada em 8,6 milhões, menor que a do Ceará.
Apesar de serem fatores que contribuem no avanço da vacinação no país, a campanha pela imunização conta com a estrutura do serviço de saúde israelense, que se aproxima da proposta de uma PPP (Parceria Público-Privada) no Brasil.
O país, porém, tem sido criticado a respeito da falta de palestinos vacinados em áreas de ocupação militar israelense, como Cisjordânia e em Gaza.
O serviço de saúde israelense
Por lei, todos os cidadãos devem pagar por um dos quatro planos de saúde licenciados pelo governo e ofertados por convênios; o pagamento equivale a um imposto.
Alguns planos apresentam vantagens, embora alguns serviços sejam obrigatórios em todos eles, principalmente na atenção à saúde básica. Isso inclui o plano de vacinação na qual foi incluída a imunização contra a covid-19.
O sistema de saúde é totalmente digitalizado, o que facilita no acesso aos cadastros da população e auxilia na logística de distribuição e aplicação das doses.
Somada à estrutura de saúde, está a mobilização das forças armadas para coordenar a distribuição das doses. O governo israelense também investiu fortemente na campanha de vacinação, com ampla divulgação de autoridades recebendo aplicações, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Há duas vacinas distribuídas no país atualmente, dos laboratórios Moderna e Pfizer.
Política, vacina e contágio recorde
Netanyahu, que tem 71 anos de idade, foi o primeiro líder mundial a receber a vacina. Ele deu início à campanha nacional em 19 de dezembro, quando recebeu a primeira dose. A ocorrência foi transmitida ao vivo e também serviu de munição política para o primeiro-ministro, que busca se reeleger em março.
Alvo de manifestações em Israel pelo alto índice de desemprego e acusações de corrupção, Netanyahu decretou novo lockdown até o fim de janeiro — o terceiro desde o início da pandemia. Ele também determinou o fechamento do espaço aéreo durante uma semana para conter mutações do vírus.
As medidas só foram adotadas após o país ultrapassar, em 18 de janeiro, 10 mil infecções por covid-19 num intervalo de 24 horas. Foi o maior registro de notificações no país desde o início da pandemia.
Polêmicas
A imunização também ocorre em meio a polêmicas, incluindo a vacinação de adolescentes entre 16 e 18 anos mesmo sem pesquisas clínicas da fase 3 em menores de idade — a etapa é a última antes da obtenção de um registro que comprove a eficácia.
Já a agilidade para garantir que Israel recebesse vacinas da Pfizer antes do resto do mundo é fruto de acordo do governo com a farmacêutica que incluiu a troca de dados médicos sobre efeitos da vacina na população.
* Com informações de agências
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