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Justiça da Bolívia ordena prisão de Jeanine Áñez por sedição e terrorismo

Nas redes sociais, Jeanine Áñez se defendeu das acusações, classificando o processo como "perseguição" - Lokman Ilhan/Anadolu Agency via Getty Images
Nas redes sociais, Jeanine Áñez se defendeu das acusações, classificando o processo como "perseguição" Imagem: Lokman Ilhan/Anadolu Agency via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

12/03/2021 17h11Atualizada em 13/03/2021 17h09

A Justiça da Bolívia emitiu hoje uma ordem de prisão contra a ex-presidente autoproclamada Jeanine Áñez por sedição (incitação à desobediência ou à rebelião) e terrorismo, em razão dos conflitos de novembro de 2019 que levaram à renúncia do então presidente Evo Morales. A determinação também atinge cinco ex-ministros do governo Áñez e um ex-comandante da cúpula das Forças Armadas.

Em documento divulgado pela emissora estatal Bolivia TV, a ex-presidente e os demais são acusados de conspirar nos movimentos que culminaram na queda de Morales. A ordem de prisão é justificada, de acordo com o Ministério Público boliviano, por haver "risco de fuga ou obstrução [nas investigações]".

Além de Áñez, também são alvos de mandados de prisão os ex-ministros Yerko Núñez, Arturo Murillo, Álvaro Coímbra, Luis Fernando López e Rodrigo Guzmán, bem como Williams Kaliman, ex-comandante das Forças Armadas que pressionou Morales a deixar o cargo.

A denúncia foi apresentada por um bloco de parlamentares e ex-parlamentares do MAS (Movimento ao Socialismo, na sigla em espanhol), partido de Morales e de Luis Arce, atual presidente da Bolívia.

Nas redes sociais, a ex-presidente se defendeu das acusações, classificando o processo como "perseguição política".

"A perseguição política começou. O MAS [Movimento ao Socialismo, partido de Morales] decidiu voltar aos estilos da ditadura. Uma pena, porque a Bolívia não precisa de ditadores, precisa de liberdade e soluções", publicou, junto a um link que dá acesso à denúncia contra ela, seus ex-ministros e o ex-comandante das Forças Armadas.

Os conflitos de 2019 colocaram a Bolívia à beira de uma guerra civil. Uma investigação preliminar da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) apontou que ao menos 35 pessoas morreram durante os protestos violentos ocorridos após as eleições daquele ano — vencidas por Morales, mas consideradas fraudulentas pela oposição.

O pleito foi anulado após uma auditoria da OEA (Organização dos Estados Americanos) apontar a existência de uma "manipulação dolosa" em favor do então presidente, que buscava um polêmico quarto mandato consecutivo. Pressionado por integrantes da cúpula das Forças Armadas, ele anunciou sua renúncia ao cargo em 10 de novembro de 2019.

Logo após deixar a presidência, Morales partiu para o México como asilado político e, em dezembro, estabeleceu-se como refugiado na Argentina. Áñez ocupou presidência até que Luis Arce assumisse o poder, em fevereiro deste ano.

Áñez e Morales culpam um ao outro pelos atos de violência. O socialista defende, porém, que foi vítima de um "golpe de Estado".

(Com AFP)