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Jornal: Biden enviará vacinas ao México; EUA buscam ajuda com imigração

Arquivo - A decisão do governo dos EUA de enviar doses da vacina da farmacêutica AstraZeneca ao México e também ao Canadá deverá ser anunciada amanhã - Saul Loeb/AFP
Arquivo - A decisão do governo dos EUA de enviar doses da vacina da farmacêutica AstraZeneca ao México e também ao Canadá deverá ser anunciada amanhã Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

18/03/2021 14h31

O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, concordou em fornecer ao México doses excedentes da vacina contra a covid-19 e o México está se mobilizando para ajudar os EUA a conter o aumento da imigração, de acordo com reportagem do jornal The Washington Post, citando funcionários do alto escalão dos dois países.

De acordo com a publicação, a decisão de enviar doses da vacina da farmacêutica AstraZeneca ao México e também ao Canadá deverá ser anunciada na sexta-feira.

Autoridades mexicanas e norte-americanas que falaram sobre o acordo ao jornal disseram que não se trata de um quid pro quo (algo dado em troca de uma outra coisa) condicionando a entrega dos imunizantes a uma repressão na fronteira. Os Estados Unidos, segundo eles, deixaram claro que buscaram a ajuda mexicana para administrar o fluxo de adolescentes e crianças.

Na terça-feira, Biden pediu aos imigrantes que não tentem entrar nos Estados Unidos. Em fevereiro, cerca de 100 mil pessoas foram detidas na fronteira sul — entre elas 9.457 menores não acompanhados -, um aumento de 28% em relação a janeiro, segundo as autoridades.

De acordo com a reportagem, o México se comprometeu a receber de volta mais famílias expulsas sob uma ordem de emergência de saúde dos EUA enquanto pediu a Biden para compartilhar vacinas contra a covid-19.

"Não é um quid pro quo, é uma negociação paralela", disse um diplomata mexicano. "Se não houver uma campanha de vacinação em massa no México, será mais difícil abrir a fronteira para atividades não essenciais. Portanto, a vacinação no México é um benefício para os EUA ". Da mesma forma, acrescentou ele, "se a migração estiver sob controle, isso diminui a imagem de crise e facilita a aprovação de reformas de imigração que são fundamentais para os dois países".

"Nossa prioridade continua a ser vacinar a população dos EUA, mas a realidade é que esse vírus não conhece fronteiras e garantir que nossos vizinhos possam contê-lo é de missão crítica para proteger a saúde e a segurança econômica dos americanos e para impedir a propagação do covid-19 em todo o mundo ", disse um dos funcionários ouvidos pelo jornal, sob condição de anonimato.

Um esforço de fiscalização da imigração mexicana mais visível deve ser anunciado em breve, de acordo com as autoridades.

Roberto Velasco, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do México, disse ao jornal que os dois países "compartilham os objetivos comuns de abordar as raízes da migração no sul do México e na América Central do Norte e de combater o covid-19", mas disse que "são duas questões distintas, pois buscamos um sistema migratório mais humano e uma cooperação melhorada contra o covid-19, para o benefício de nossos dois países e da região", disse ele.

Biden declarou nesta semana que o governo estava "conversando com vários países" sobre as doses armazenadas no país da vacina AstraZeneca, que não foi aprovada para uso nos Estados Unidos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que o democrata doe parte do estoque excedente de vacinas contra a covid-19 ao Brasil.

Os Estados Unidos lideram o ranking de vacinação contra a covid e Biden prometeu que, progressivamente, todos os adultos no país poderão receber uma dose da vacina até 1º de maio.

Vários países europeus suspenderam o uso da vacina da AstraZeneca depois de relatos de reações como dificuldade de coagulação ou formação de coágulos. A Agência Europeia de Medicamentos liberou o uso do produto hoje, garantindo que se trata de algo seguro e eficaz. Apesar disso, a agência indicou que não conseguiu concluir ainda se existe ou não um elo entre o imunizante e os casos de trombose.

Na semana passada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) concedeu registro definitivo para a vacina no Brasil.

* Com informações da AFP