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Sinal da TV Record em Angola sai do ar após decisão de governo

Logo Record TV (Reprodução) - Reprodução / Internet
Logo Record TV (Reprodução)
Imagem: Reprodução / Internet

Do UOL, em São Paulo

21/04/2021 19h10

O sinal da TV Record em Angola foi suspenso nesta quarta-feira (21), depois que autoridades locais emitiram comunicado alegando "inconformidades" em relação aos requisitos legais para o exercício da atividade jornalística no País.

Nas redes sociais, a emissora brasileira disse que o sinal foi retirado do ar "por motivos alheios à nossa vontade". "Esperamos voltar em breve para continuar a levar alegria, informação e entretenimento, para as centenas de milhares de telespectadores que se encontram em Angola", escreveu o perfil.

No início da semana, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologia de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) mandou suspender as atividades da emissora sob a justifica de que a medida surge na sequência da constatação de "inconformidades". O ministério alega por exemplo "que a empresa Rede Record de Televisão (Angola), Limitada, que responde pela TV Record África, tem como diretor-executivo um cidadão não nacional".

Além da Record, pelo menos outros dois canais também tiveram as atividades suspensas: Zap Viva e Vida TV. (Assista ao vídeo abaixo, a partir do trecho 14min49seg)

Segundo Nuno Carnaval, secretário de Estado para a Comunicação Social, "infelizmente, as direções destas empresas não cuidaram de corrigir ao longo do tempo que vêm operando no mercado angolano. Por outro lado, estas empresas enquanto não procederem a correção em conformidade com os requisitos legais, estarão suspensas do exercício da sua atividade."

Procurada pelo UOL, a Record TV África informou, por meio de nota, que foi "surpreendida" pela decisão de "inconformidades legais". A emissora, que atua em Angola desde 2005, disse que sempre atuou em "legalidade" e que irá buscar esclarecimentos junto aos órgãos competentes, e adotar as medidas legais cabíveis.

"Reiteramos nosso compromisso com nossos colaboradores, de que estamos completamente comprometidos com os mesmos e com a operação construída em mais de uma década de esforço e sacrifícios realizados", finaliza a nota da emissora.

Ontem, a Record recorreu para cancelar a decisão do país em suspender as suas atividades. A emissora atualizou os parceiros comerciais, colaboradores e os espectadores pelas redes sociais.

No comunicado, a TV Record informou que deu entrada no recurso junto ao MINTTICS do Recurso Hierárquico contra a decisão. Apesar disso, o seu sinal foi retirado do ar.

Conflito com dissidentes

O bispo Edir Macedo, líder da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), é considerado o principal acionista da TV Record.

No ano passado, a IURD virou alvo de uma investigação da Polícia Nacional de Angola e de uma disputa com pastores angolanos dissidentes dos brasileiros. Templos foram ocupados em ações que envolveram violência física.

Uma parte desses dissidentes é autora de uma queixa-crime, apresentada em 2019, e que originou as ações de busca e apreensão. Eles acusam a IURD de vender templos e enviar dinheiro para outros países; a igreja nega a acusação.

Na época, até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou uma carta ao presidente de Angola, João Manuel Lourenço, demonstrando preocupação e solicitando aumento da proteção a membros da igreja no país africano.

"Julgamos ser preciso evitar que fatos dessa ordem voltem a produzir-se ou sejam caracterizados como consequência de 'disputas internas'. Há perto de 500 pastores da IURD em Angola e, nesse universo, 65 são brasileiros. Os aludidos atos de violência são atribuídos a ex-membros da IURD, que também têm levantado acusações e, com isso, motivado diligências policiais na sede da entidade e nos domicílios de dirigentes seus", dizia trecho da carta assinada por Bolsonaro, na ocasião.

Em entrevista à CNN Brasil, ainda no passado, o bispo Honorilton Gonçalves —líder da IURD em Angola— negou a acusação de ex-pastores da igreja sobre a suposta venda de templos e remessa de dinheiro para outros países.

"Nenhum imóvel da igreja foi vendido. Não há nenhuma ilegalidade na igreja, mesmo porque as contas da igreja sofrem auditorias externas e fiscalizações constantes do governo", disse ele.