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Netanyahu chama mortes em peregrinação de 'catástrofe' e decreta luto

Do UOL, em São Paulo *

30/04/2021 07h41Atualizada em 30/04/2021 13h44

O tumulto que provocou pelo menos 45 mortes em Israel na madrugada de hoje (horário local) durante uma peregrinação judaica é uma das "catástrofes mais graves" da história do país, afirmou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Em tuíte publicado na manhã de hoje, o primeiro-ministro acrescentou que as autoridades conduzirão "uma investigação completa, séria e profunda para garantir que tal desastre não ocorra novamente".

O chefe de Governo visitou o local da tragédia, no Monte Meron, no norte de Israel, e decretou um dia de luto nacional no domingo. Funerais de vítimas já estão sendo realizados em Jerusalém e em Tel Aviv.

Havia cenas de partir o coração aqui. Pessoas esmagadas até a morte, incluindo crianças. Uma grande parte dos que morreram ainda não foram identificados e quero evitar espalhar boatos nas redes sociais porque isso está rasgando o coração das famílias. Deixe as autoridades trabalharem Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

Mais tarde, o premiê foi até o Hospital Shaare Zedek para fazer uma doação de sangue às vítimas do acidente. "Obrigado aos muitos cidadãos de Israel que doaram sangue hoje. Nos momentos de teste, nosso povo se une", agradeceu.

Netanyahu também disse que falou por telefone com os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, respectivamente Joe Biden e Vladimir Putin, que expressaram condolências e pesares pela tragédia.

Além dos mortos, o MDA (Magen David Adom) — equivalente israelense da Cruz Vermelha — estima que 150 pessoas ficaram feridas no maior evento de massa desde o início da pandemia da covid-19 no país.

As equipes de resgate disseram inicialmente que uma arquibancada desabou para explicar o número de feridos, antes de falar de uma gigantesca "correria".

As circunstâncias específicas que levaram à confusão ainda não foram esclarecidas, mas um socorrista no local, Yehuda Gottleib, que trabalha para o United Hatzalah, disse que viu homens "esmagados" e "inconscientes".

Testemunhas

Testemunhas disseram que pessoas foram asfixiadas ou pisoteadas em uma passagem de cerca de três metros de largura, algumas despercebidas até o sistema de som emitir um apelo para que se dispersassem.

Alguns dos mortos ainda não foram identificados, e familiares de participantes do festival que ainda estão desaparecidos ligaram para estações de rádio pedindo ajuda para encontrá-los.

"Íamos entrar para as danças e etc, e de repente vimos paramédicos do MDA passarem correndo", disse Shlomo Katz, de 36 anos, à reportagem. Depois, o homem relatou ter visto ambulâncias saindo "uma atrás da outra".

Um homem ferido em um leito de um hospital da região descreveu que "uma pirâmide de um em cima do outro se formou" e "as pessoas se empilharam uma em cima da outra". "Eu estava na segunda fileira. As pessoas na primeira fileira eu vi morrerem diante dos meus olhos", contou.

"A polícia não reabriu (a barreira) até que se rompeu e toda a multidão explodiu para os lados. Dezenas de pessoas morreram esmagadas, uma catástrofe", afirmou Shmuel, de 18 anos, à reportagem.

Festival

A peregrinação, que celebra o feriado judaico de Lag Ba'Omer, ocorre no Monte Meron, em torno do túmulo do rabino Shimon Bar Yojai, um talmudista do século dois que é creditado por escrever o Zohar, obra central do misticismo judaico.

Antes da tragédia, a multidão percorria corredores e salões, dançando e cantando, rezando e acendendo velas e fogueiras. Homens e mulheres estavam separados.

Havia crianças no local, que também estão entre os mortos. Em Jerusalém, dois irmãos, um de 9 e outro de 14 anos, estão sendo enterrados, segundo a mídia israelense.

Pessoas que passaram a noite no local questionaram como a situação saiu de controle tão rapidamente, mas há anos existem preocupações a respeito dos riscos de segurança do evento anual.

As autoridades haviam permitido a presença de 10 mil pessoas no complexo, mas, segundo os organizadores, mais de 650 ônibus foram fretados rumo ao local, estimando-se pelo menos 30 mil pessoas. A imprensa local estimou um fluxo de 100 mil pessoas.

Em 2019, um ano antes da pandemia do novo coronavírus, que provocou o cancelamento da peregrinação em 2020, os organizadores calcularam que 250 mil compareceram ao local.

* Com informações da AFP e da Reuters