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Tumulto durante peregrinação deixa pelos menos 45 mortos em Israel

Do UOL, em São Paulo*

29/04/2021 21h22Atualizada em 30/04/2021 13h17

Pelo menos 45 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas em um tumulto ocorrido durante uma peregrinação judaica ortodoxa no norte de Israel na madrugada de hoje (horário local, noite de quinta-feira no Brasil), no maior evento de massa desde o início da pandemia da covid-19 no país. Há crianças entre as vítimas.

O Magen David Adom, equivalente israelense da Cruz Vermelha, informou que atendeu 150 feridos, seis deles em estado crítico.

As circunstâncias exatas da tragédia ainda não foram determinadas. Amit Sofer, membro do conselho regional de Merom Hagalil, afirmou que as autoridades pensaram inicialmente que "um palco havia desabado".

Testemunhas disseram que pessoas foram asfixiadas ou pisoteadas em um passadiço de cerca de três metros de largura, algumas despercebidas até o sistema de som emitir um apelo para que se dispersassem.

"A polícia chegou (...) e decidiu fechar a rampa de saída de uma das fogueiras, que estava lotada", relatou à AFP Shmuel, de 18 anos e que testemunhou o ocorrido. "Chegaram mais pessoas, cada vez mais (...) A polícia não permitia a saída e começaram a se apertar uns contra os outros, e depois a se esmagar".

"A polícia não reabriu (a barreira) até que se rompeu e toda a multidão explodiu para os lados. Dezenas de pessoas morreram esmagadas, uma catástrofe", completou Shmuel.

O comandante da polícia da região norte, Shimon Lavi, disse à imprensa que "assume a responsabilidade" pelo desastre.

Um homem ferido descreveu aos repórteres como o esmagamento começou quando uma fila de pessoas diante da multidão crescente simplesmente tombou.

Alguns dos mortos ainda não foram identificados, e familiares de participantes do festival que ainda estão desaparecidos ligaram para estações de rádio pedindo ajuda para encontrá-los.

Primeiro-ministro fala em 'catástrofe'

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou o ocorrido como uma das "catástrofes mais graves" da história do país.

O Ministério da Justiça disse que investigadores analisarão se houve alguma má conduta da polícia ligada à tragédia.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, desejou ao povo israelense "força e coragem para superar estes momentos difíceis".

União Europeia e França expressaram condolências às famílias das vítimas e à população, desejando "uma pronta recuperação aos feridos". A Alemanha se declarou "profundamente comovida".

"Terríveis cenas na festa de Lag Baomer em Israel", tuitou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

Festival de Lag Baomer

A peregrinação, que celebra o feriado judaico de Lag Baomer, ocorre em Meron, em torno do túmulo do Rabino Shimon Bar Yojai, um talmudista do século 2 que é creditado por escrever o Zohar, obra central do misticismo judaico.

O Lag Baomer é uma celebração alegre que comemora o fim de uma epidemia devastadora entre os alunos de uma escola talmúdica da época.

As autoridades haviam permitido a presença de 10 mil pessoas no complexo, mas, segundo os organizadores, mais de 650 ônibus foram fretados em todo o país, estimando-se pelo menos 30 mil pessoas. A imprensa local estimou um fluxo de 100 mil pessoas.

Em 2019, os organizadores estimaram 250 mil pessoas que compareceram ao local.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram os momentos depois do acidente

* Com informações da AFP e Reuters