Vaticano: bispos não podem negar comunhão a Biden por política de aborto
Em uma rara intervenção, o Vaticano advertiu os bispos dos Estados Unidos sobre a tentativa de formularem uma política nacional que proibiria políticos católicos norte-americanos com posições favoráveis ao aborto ou eutanásia, como o presidente Joe Biden e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, de receberem a comunhão.
A norma, caso aprovada pela USCCB (Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos), poderia vetar Biden, que é católico praticamente mas defende políticas "pró-escolha" em relação ao aborto, de receber o sacramento da comunhão.
Em carta enviada pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Luis Ladaria, ao presidente da Conferência norte-americana, arcebispo José Gomez, a Santa Sé ressaltou que uma ação desse nível exigiria "unanimidade" e "consenso" total por parte da Igreja Católica do país.
Apenas uma "maioria simples", sem a aprovação do Vaticano, não seria suficiente para pôr em prática o documento que a USCCB pretendia votar em junho.
O cardeal argumenta que os bispos dos EUA precisam realizar um "diálogo amplo e sereno" entre si e os políticos católicos em suas dioceses que não "apoiam a plenitude do ensino da Igreja" para compreender "a natureza de suas posições e sua compreensão do ensino católico".
Na carta, Ladaria também lembrou ao episcopado estadunidenste que a Conferência dos Bispos dos EUA não tem a autoridade canônica para dizer a Biden que ele não pode receber a comunhão. Quem pode ou não pode receber esse sacramento em uma diocese é algo que deve ser decidido pelo bispo local.
No caso do presidente Biden, que hoje reside em Washington, D.C., essa responsabilidade recairia sobre o arcebispo da capital federal, cardeal Wilton Gregory, que já afirmou que não pretende impedir Biden de receber a Eucaristia.
Segundo o Motu Proprio "Apostolos Suos", publicado pelo papa João Paulo II em 1998 e que Ladaria cita na sua carta, a Conferência dos Bispos não pode impedir a autoridade de um bispo individual em sua diocese, "substituindo-o de forma inadequada, onde a legislação canônica não prevê uma limitação de seu poder episcopal em favor da Conferência Episcopal".
A carta emitida pela Doutrina da Fé também alerta que o documento proibitivo que vinha sendo preparado pela Conferência Episcopal norte-americana, "dada sua natureza possivelmente contenciosa", poderia "se tornar uma fonte de discórdia, em vez de unidade dentro do episcopado e da Igreja maior nos Estados Unidos".
Ladaria sugere que essa discussão "seria melhor enquadrada dentro do amplo contexto de merecimento para a recepção da sagrada comunhão por parte de todos os fiéis, ao invés de apenas uma categoria de católicos".
Dada a importância do tema, que ultrapassa as fronteiras dos EUA, o responsável pela ortodoxia católica também afirma que "todo esforço deve ser feito para dialogar com outras conferências episcopais".
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