Israel ataca túneis do Hamas; número de mortos em conflito passa de 120
Israel realizou ataques aéreos na manhã de hoje contra uma rede de túneis do grupo islamita Hamas em meio à tensão com palestinos na Faixa de Gaza e ataques persistentes com foguetes contra cidades israelenses. Autoridades confirmam até o momento 119 pessoas mortas em Gaza e oito em Israel desde o início do conflito, no começo da semana.
O tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz militar israelense, disse que 160 aeronaves, além de unidades de artilharia e blindadas, "fora da Faixa de Gaza", participaram do que ele chamou de a maior operação contra um alvo específico desde o início do conflito.
"O que miramos é um elaborado sistema de túneis que se estendem por baixo de Gaza, principalmente no norte. É uma rede que os agentes do Hamas usam para se mover, a fim de se esconder, para se proteger. Nós nos referimos (a ele) como o metrô", disse, acrescentando que uma avaliação final sobre o resultado da operação estava pendente.
Embora as forças terrestres tenham participado da ofensiva de 40 minutos antes do amanhecer, o porta-voz diz que nenhuma cruzou para a Faixa de Gaza.
Autoridades de saúde no norte de Gaza disseram que uma mulher e seus três filhos foram mortos durante a operação israelense e que seus corpos foram recuperados dos escombros de sua casa.
Segundo Israel, o sistema antimísseis "Domo de Ferro" interceptou quase 90% dos 1.800 foguetes lançados esta semana a partir de Gaza. Os disparos persistiram na madrugada de hoje, atingindo cidades como Sderot, Ashkelon e Beersheva, no deserto do Neguev.
Tensão aumentou durante semana
Os combates mais sérios entre os militantes de Israel e Gaza desde 2014 começaram na segunda-feira (10) depois que o Hamas disparou foguetes contra Jerusalém e Tel Aviv em retaliação aos confrontos da polícia israelense com palestinos perto da mesquita de al-Aqsa em Jerusalém. (leia mais abaixo)
Autoridades médicas palestinas disseram que pelo menos 119 pessoas foram mortas em Gaza, incluindo 31 crianças e 19 mulheres, e 830 outros feridos nas atuais hostilidades,
O número de mortos em Israel foi de oito: um soldado que patrulhava a fronteira de Gaza, seis civis israelenses - incluindo uma mulher idosa que caiu a caminho de um abrigo na sexta-feira e duas crianças - e um trabalhador indiano, disseram autoridades israelenses.
Nas partes norte e leste de Gaza, o som de fogo de artilharia e explosões ecoou na manhã de sexta-feira. Testemunhas disseram que muitas famílias que moravam perto da fronteira deixaram suas casas, algumas buscando abrigo em escolas administradas pelas Nações Unidas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quinta-feira que a campanha "levará mais tempo". Autoridades israelenses disseram que o Hamas, o grupo militante mais poderoso de Gaza, deve receber um forte golpe de dissuasão antes de qualquer cessar-fogo.
O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu na quinta-feira uma diminuição da violência, dizendo que queria ver uma redução significativa nos ataques de foguetes.
Concentração de tanques e blindados
O exército israelense mobilizou na quinta-feira carros e outros veículos blindados ao longo da barreira que separa Israel do território palestino, de onde as tropas do Estado hebreu se retiraram de maneira unilateral em 2005.
Pouco depois da meia-noite, o porta-voz militar afirmou que soldados israelenses entraram no território de Gaza, antes de desmentir a declaração alegando um "problema de comunicação interno".
Neste contexto, a partir do vizinho Líbano foram lançados três foguetes na quinta-feira à noite contra Israel, mas os projéteis caíram no Mediterrâneo, de acordo com o exército. De acordo com uma fonte militar libanesa, os projéteis vieram de um setor próximo a um campo de refugiados palestinos.
Segunda frente
Além do conflito com o Hamas, também existe a escalada entre árabes e judeus em várias cidades mistas de Israel, um nível de violência que não era observado há décadas, de acordo com a polícia israelense.
Quase 1.000 membros da polícia de fronteira foram convocados para reforçar as cidades, palco de distúrbios intercomunitários desde terça-feira. Mais de 400 pessoas, judeus e árabes, foram presas nos últimos três dias.
Na noite de quinta-feira, um homem abriu fogo com uma arma semiautomática contra um grupo de judeus, ferindo uma pessoa em Lod, perto de Tel Aviv, segundo uma testemunha e a polícia. Uma sinagoga foi incendiada e 43 pessoas detidas.
Grupos israelenses de extrema direita entraram em confronto nas cidades com forças de segurança israelenses e árabes-israelenses, descendentes de palestinos que permaneceram em suas terras após a criação de Israel em 1948.
Diante da intensificação do conflito armado entre Israel e o Hamas, o Conselho de Segurança da ONU deve organizar no domingo uma reunião virtual pública para debater a crise. Representantes de Israel e dos palestinos devem participar, assim como o emissário das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, que esta semana disse temer que a situação leve a uma "guerra em larga escala".
Escalada
A escalada de violência começou após um fim de semana de tensão na Esplanada das Mesquitas, lugar sagrado para muçulmanos e judeus, situado no setor palestino de Jerusalém.
Mais de 900 palestinos ficaram feridos em confrontos com a polícia israelense no leste da cidade. Manifestantes receberam a polícia com pedras enquanto autoridades responderam com balas de borracha e granadas de atordoamento.
Na segunda-feira (10), o Hamas lançou uma salva de foguetes como gesto de "solidariedade" aos 900 palestinos feridos.
O episódio aconteceu no dia que Israel comemorava a conquista de Jerusalém e da Cidade Velha murada. Em 2021, a data coincide com o fim do Ramadã, o mês de jejum dos muçulmanos — próximo à mesquita Al-Aqsa está o Muro das Lamentações, o local de oração mais importante para os judeus.
Jerusalém vive dias de tensão entre palestinos e Israel desde que famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah passaram a ser ameaçadas de despejo. A disputa pelo terreno, onde foram construídas várias casas de quatro famílias palestinas, começou após decisão do tribunal distrital de Jerusalém, que decidiu que judeus têm direito ao terreno.
O caso agora está com a Suprema Corte de Israel, que realiza hoje uma nova audiência. Uma lei israelense, no entanto, diz que, se judeus puderem provar que sua família vivia em Jerusalém Oriental antes da guerra de 1948, eles podem pedir que seus "direitos de propriedade" sejam restaurados.
Protestos contra a expulsão de famílias palestinas acontecem há semanas. Para especialistas, os atuais confrontos na Esplanada das Mesquitas são os mais violentos desde 2017.
*Com informações das agências AFP e Reuters
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.